Blog         Instagram   Facebook    Twitter   Youtube
https://www.instagram.com/minhocariodepalavras/
 
Sandra Fayad Bsb
Minhocário de Palavras
Meu Diário
12/09/2013 20h51
Lendo e comentando "A Revolução dos Bichos", de George Orwell

Sobre “A Revolução dos Bichos” de George Orwell

 

George Orwell viveu quase exatamente a primeira metade do século XX (1903-1950), período em que ocorreram as duas guerras mundiais, a guerra civil espanhola e que Ghandi conquistou a liberdade da Índia do jugo inglês, através da tese da “não violência”.  Assim como Ghandi, Orwell é indiano, educado na Inglaterra e observador e crítico político, inclusive na condição de combatente em terra alheia. Serviu na Birmânia e combateu na guerra civil da Espanha.

Trata-se de uma fábula muito bem arquitetada, onde cada personagem representa  um tipo humano, mantidas suas características físicas. No primeiro momento, mostra a insatisfação dos “seres” com o tratamento que lhes era dispensado, sentem-se explorados,  maltratados, subjugados. Eliminam a causa da sua infelicidade, expulsando o causador (o dono da granja e seus auxiliares). Tomam conhecimento do acervo existente, realizam várias ações no sentido de reorganizar o espaço, definem atribuições de acordo com as necessidades do grupo e as habilidades individuais, reafirmam seu domínio sobre o espaço através de luta corporal, criam slogan, bandeira, hino e começam a produzir e a se protegerem sob o comando do líder da revolução ( o porco Bola de Neve). No entanto, sua gestão foi interrompida quando decidiu dar um salto de modernidade no trabalho do grupo  - (construir o moinho de vento). A traição vem através da força ( porco Napoleão e seus cães treinados)e se impõe através do seu porta-voz (Garganta), que se encarrega de pregar a perseguição ao ex-líder, exaltar as qualidades do golpista, e da implantação das novas regras e  neutralização das reações contrárias. E para deixar claro quem é que mandava, o novo comandante executou em praça pública os desafetos, fechando assim as portas a quaisquer novas resistências. Feito isso, aliou-se aos opressores da vizinhança, tornando-se um deles, podendo inclusive dividir com eles os louros da dominação da massa popular.

 A obra é atual e - sem pessimismo, mas com realismo e desesperança – é eterna e real, desde que o homem resolveu se organizar em sociedade para obter da terra os bens necessários à  sua subsistência com menor sacrifício individual.

No entanto, há quem sonhe com o mundo mais justo. No livro “Após o Capitalismo – A visão de Prout para um Novo Mundo”, que encontrei por acaso na Biblioteca Central de Lisboa, há a seguinte explicação: “ A excepcional importância do sistema Prout reside em dois pontos fundamentais: a integridade e a viabilidade. Todo o sistema parte de uma correta compreensão do ser humano, pessoal e coletivo, e o autêntico desenvolvimento humano...Em cada pessoa atuam três dimensões: o físico, o mental e o espiritual. As três tem que ser desenvolvidas articuladamente , caso contrário, ou não há desenvolvimento ou o desenvolvimento produz injustiças e muitas vítimas. Exatamente o método Prout foi pensado para criar o desenvolvimento com equilíbrio (“Pramá”) e com harmonia. O resultado será o bem-estar e a felicidade de todos.”

                                                         Sandra Fayad                                    (10-09-2013)                         

 

 

Publicado por Sandra Fayad Bsb
em 12/09/2013 às 20h51
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
01/08/2013 20h25
Lendo e comentando "A Mulher que escreveu a Bíblia", de Moacyr Scliar

Minhas conclusões sobre o livro A mulher que escreveu a Bíblia, de Moacyr Scliar.

Em primeiro lugar tenho a impressão que o autor se inspirou no incidente gerado pela declaração do deputado  Clodovil Hernandes, que acusou a deputada do PT, Cida Diogo, de ser feia. Em uma sessão de votação, Clodovil, como era conhecido, declarou: "Digamos que uma moça bonita se ofendesse porque ela pode se prostituir. Não é o seu caso. A senhora é uma mulher feia". O fato, que gerou uma série de desdobramentos na mídia, provocou discussões sobre a beleza feminina, lembrando a célebre frase de Vinicius de Moraes: “Que me desculpem as feias, mas beleza é fundamental”.

Moacyr Scliar começa a história com a antítese da afirmativa: “A feiura é fundamental, ao menos para o entendimento desta história”.

As citações bíblicas sobre os reinados de Davi e de seu filho Salomão, bem como as condições de vida dos súditos, as regras sociais e morais em vigor à época são expostas na obra com simplicidade, acrescentando ao leitor valiosas informações históricas e/ou mitológicas da cultura judaica. Outro aspecto que vale a pena ressaltar é a presença constante da sexualidade desde a infância até a fase senil, com as restrições impostas e os mecanismos utilizados para satisfazer essa necessidade básica, desde os mais rudimentares como pedra, cabra.

A feiura da personagem principal constitui uma barreira contornável pelo fato de a “Feia” ter aprendido a ler e escrever. Os acontecimentos relacionados ao pastorzinho, seu sonho de consumo sexual no primeiro momento e, ao que parece, no final, bem como a Salomão, seu esposo real, são costurados a partir da necessidade física e emocional de toda donzela: sexo, amor, carinho. No caso da “Feia”, essa necessidade parecia mais acentuada, justamente porque entravam outros componentes como ansiedade, medo de rejeição. Pareceu-me que o autor pouco entende da natureza feminina, pois atribuiu à personagem um comportamento em relação ao sexo típico de homens, ou seja, quase todas as suas ações e pensamentos são típicos da sexualidade masculina: importância exagerada, palavreado, agressividade. 

A Bíblia encomendada em pergaminho e tinta, fiscalizada, retificada pelos anciãos, especialmente por aquele que perseguia a moça, foi usada para caracterizar os métodos sutis e corruptos adotados no mundo da política, tornando-se uma obra submissa à vontade de alguns poucos interessados.

O autor chama a atenção do leitor para a importância da amizade, mostrando que a curta fase lúdica da 700ª esposa de Salomão, a Feia, ocorre justamente quando ela conhece Mikol, a concubina que desmistifica o vigor sexual do Rei, mostrando-lhe que ele era um homem como outro qualquer, com falhas, inseguranças e limitações. E, de fato, ela já não o via com os mesmos olhos de admiração, quando o desafiou e se impôs na defesa da amiga moribunda e quando partiu em sua defesa, quebrando protocolos.

A ameaça à integridade do rei, a destruição dos escritos e o julgamento do pastorzinho finalmente resulta na noite de núpcias tão sonhada e na libertação da personagem.

Sandra Fayad (29-07-2013)

 

 

Publicado por Sandra Fayad Bsb
em 01/08/2013 às 20h25
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
07/07/2013 16h15
Viagens Nacionais - Nordeste

Mesmo que você não tenha facebook ou nao faça parte da minha lista de relacionamentos, pode ver as 40 fotos aqui: 

 

https://www.facebook.com/media/set/?set=a.4929849880562.1073741839.1127928272&type=1&l=f45e8e35ad

Publicado por Sandra Fayad Bsb
em 07/07/2013 às 16h15
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
03/07/2013 20h37
LENDO E COMENTANDO "A DIVINA COMÉDIA"

Amigos, 

Estou participando de um Clube de leitura maravilhoso. Os demais participantes estão avaliando a conveniência de divulgarem suas conclusões sobre os livros que lemos. Eu já me decidi. Por ora, divulgo aqui as conclusões sobre "A divina Comédia" de Dante Alighieri. Certamente que seus comentários serão muito importante para enriquecer meu trabalho . Aguardo vocês. Obrigada

Seguem as conclusões: 

 

A Divina Comédia, ou simplesmente  “A Comédia”, é sem dúvida uma obra interessante do ponto de vista estrutural. A edição bilíngue , com tradução e notas de Italo Eugenio Mauro, apresenta rimas forçadas  verso a verso em português, o que deve ter sido um trabalho árduo. Merece aplauso, embora haja crítica sobre a fidelidade ao texto original.

Quanto ao formato - 100 cantos e 14.233 versos em tercetos hendecassílabos (11sílabas), rimados de modo alternado e encadeado, é uma construção inteligente, porém muito “amarrada”, consequentemente exaustiva e enfadonha, por tratar-se de um poema extenso.

Com relação ao conteúdo, em linhas gerais, é uma obra autobiográfica de um intelectual idealista, visionário e frustrado, detentor de uma invejável capacidade imaginativa. Alijado da sociedade corrupta e politicamente desorganizada, que não pode modificar enquanto cidadão, colhe dali o acervo histórico e cultural para alinhavar seu poema. Vai buscar na realidade vivenciada, e passível de ser transformada pela doutrinação cristã, a matéria prima de sua obra.  Vinga-se de cada um dos seus desafetos e tenta resgatar e fixar os valores em que acredita. Merece registro o fato de ter se apoiado nos princípios regados por sábios como Aristóteles, Ptolomeu, Platão e outros mais do que na fé cristã. Queria entender o Universo e acho que foi além dos conhecimentos científicos de sua época. 

A leitura sobre a visão do inferno com seus círculos de sofrimentos progressivos foi difícil. Abstive-me de ler alguns versos muito fortes nos últimos cantos. Acho que Dante exagerou nas alegorias com fogo, afogamentos, decapitações, sangue. Mas deve ter se sentido redimido dos maus tratos por que passou enquanto cidadão, deixando também claro quais eram os valores morais que pretendia ressaltar.

Não concordo com o castigo pela ausência do batismo. É discriminação! O purgatório é um misto de céu, limbo e inferno. Como é que Catão é o porteiro do purgatório se cometeu suicídio por não suportar que a Roma republicana sucumbisse? Da mesma forma poderia ter sido mais justo com Virgílio, permitindo que ele saísse do Limbo e entrasse no Paraíso, como agradecimento por ter sido seu salvador e cicerone na pior fase da jornada. Era de se esperar que a visão do Paraíso e o encontro com Beatriz , a bem amada,  e a purificação de Dante, em várias etapas, para permitir-lhe  a aproximação com Deus fosse a parte lúdica e mais agradável da obra. Na peregrinação pelos astros, Dante foi um visionário de respeito. Ensaiou os princípios da Física Quântica, hoje tão em voga.  Mas Dante não me convenceu que era inabalável a sua fé cristã.  No Paraíso há uma confusão de astronomia com moral e fé. A despeito das alegorias, prevaleceu sua antiga bandeira de mudanças na ordem social e política vigente, com as quais não se conformava e os seus dois amores: Florença e Beatriz.

Penso que ouvi de Dante esta pergunta: “Quem és tu que queres julgar, / com vista que só alcança um palmo, / coisas que estão a mil milhas?”

Sandra Fayad

 

Publicado por Sandra Fayad Bsb
em 03/07/2013 às 20h37
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
18/06/2013 22h36
Saudades! Abel Marcos Barcelona Bernardes.

+11-06-2013

Publicado por Sandra Fayad Bsb
em 18/06/2013 às 22h36
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Página 44 de 78
Site do Escritor criado por Recanto das Letras