Meu projeto é atípico, informa a imprensa. De fato, entre outras dezenas de atividades, aceitamos doações de materiais, mudas, embalagens. Enfim tudo o que pode contribuir na execução do trabalho e na variedade do acervo de plantas. Há contribuições valiosas como a de um senhor aposentado que seleciona vasos recicláveis em locais de descarte (lixo), deixando sacos desse material junto ao portão do viveiro. Outros colaboradores trazem até sacolas plásticas, caixas de papelão, revistas, suportes para plantas, regadores, enfeiteis. 

Percebo que algumas pessoas fazem uma pequena confusão sobre as ações desenvolvidas no Projeto, porque trazem mudas de plantas que não cabem no espaço como frutíferas e até arbustos da Amazônia. Outras colhem sementes e deixam uns saquinhos cheios delas sem identificação (?) na caixinha dos correios. Supoem que eu conheço tudo e todas as espécies. Afinal eu cultivo PLANTAS. Há também as pessoas que não souberam ou não conseguiram cuidar das crias que compraram por aí. Essas abandonam as pobrezinhas lá na calçada. Como todas as manhãs faço uma vistoria no espaço, resta-me a tarefa de cuidar das moribundas.

Há uma doadora que, por motivo de mudança para um imóvel menor, entregou com cerimônia uns vasos de suculentas bem cuidadas. Não me perguntou se eu queria. Geralmente não perguntam. Na sua opinião, eu ficaria muito feliz com o presente: "você adora plantas, não é? ". Aliás, o presente que eu mais ganho dos participantes e visitantes do Projeto é...PLANTA. Bem, tive que fazer uma ginástica enorme para acomodar dignamente a doação especial. Pior! Agora a doadora vem toda semana visitar suas ex filhotas, me tomando um tempo enorme na vistoria; Quando não pode vir, envia mensagem pedindo fotos e satisfação sobre a saúde e bem estar delas. Pode isso?