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Publicado em 28 de junho de 2023 por JCDattoli
Semana passada, estando em Brasília, passei mais uma vez para rever a horta e o mini museu aberto, urbano, idealizados e mantidos por Sandra Fayad, admirável escritora, poetisa e ambientalista, uma mulher de espírito empreendedor e de responsabilidade social como pouco se vê, pelas suas incansáveis iniciativas e pela dedicação a atividades sociais voluntárias. Quanto à horta, em especial, iniciou essa frente de atuação a partir de 2006, após se aposentar da sua carreira profissional em importante autarquia federal.
Essa horta, denominada mais precisamente como Micro Ecossistema Urbano, está localizada na SHCGN 713 – B – 22 – Asa Norte, uma área residencial e relativamente próxima das edificações onde estão instalados os três poderes na Capital Federal, no Plano Piloto de Brasília. Trata–se de um viveiro de plantas medicinais, condimentos, plantas ornamentais e algumas verduras.
Tudo começou quando Sandra Fayad iniciou plantação da sua horta em terreno situado na frente da casa em que reside, e desde então ninguém conseguiu segurar a expansão dos canteiros, das espécies cultivadas e, por consequência natural, também o crescente interesse por parte do público.
O serviço prestado à comunidade, em face da horta, é muito meritório, entre outros pelo seu caráter educativo e também porque as pessoas podem receber doação das plantas e adquirir vasos com mudas das ervas medicinais, sendo comum a presença de pessoas ao longo do dia.
Dentro do enfoque educativo do projeto, no local são informados e esclarecidos a respeito de cada uma das ervas e espécies ali existentes, sobre o meio ambiente local, que compreende o plantio, o cuidado e a harmonia do micro ecossistema, além de outras etapas inerentes ao espaço, que é vivo e integrado.
Em virtude do êxito e dos reais benefícios sociais dessa iniciativa, com o passar do tempo o espaço foi merecendo o reconhecimento e as devidas homologações por parte do Poder Público, mais precisamente pela Administração do Plano Piloto do GDF, cabendo destacar: 1) mereceu reconhecimento formal por parte da Administração Regional do Plano Piloto, tendo sido considerado como “Boa prática para o desenvolvimento do Plano Piloto”; 2) o Projeto é reconhecido pela RA-1 (2020) como espaço de utilidade pública e a área ocupada de 51 m²; 3) em 2022 recebeu autorização formal de funcionamento pelo GDF; 4) em 2020 e 2021 foi considerado Projeto Embrião de pesquisa e estudos por parte de Grupos de Trabalho do GDF na elaboração de normas sobre ocupação de área pública para hortas e jardins.
Para que se tenha ideia do trabalho dedicado e do largo espectro que esse empreendimento voluntário requer, cabe mencionar algumas das diversas atividades realizadas, com base em resumo afixado no grande mural à frente da horta, voltado para o lado da rua, visível para os transeuntes:
– Plantamos e cuidamos das plantas como seres vivos que são;
– Protegemos e alimentamos os animais silvestres que optam por viver no local;
– Realizamos coleta seletiva do lixo;
– Transformamos o lixo orgânico em adubo (compostagem/minhocário);
– Conscientizamos os visitantes sobre a importância de cuidar da terra, água, ar e de todos os seres vivos;
– Fornecemos folhagens, mudas e sementes à comunidade (parte gratuitamente);
– Lemos, pesquisamos, escrevemos e publicamos informações sobre plantas e animais em extinção (por exemplo, o livro Animais que plantam Gente foi reconhecido por imortal da ABL e MMS)
– Orientamos e informamos sobre práticas agrícolas específicas;
– Controlamos insetos causadores de doenças, organicamente;
– Recolhemos e reaproveitamos água da chuva para irrigação…
Conversando com Sandra, obtive alguns esclarecimentos adicionais que julgo significativos para uma melhor contextualização:
“Nossa proposta não é focada na necessidade momentânea das pessoas. Visa sugerir reflexão e ações permanentes em benefício próprio e dos seres vivos em geral e da terra“;
“O Projeto é resultado do conhecimento empírico da família. Procurei usar a criatividade para associar literatura com horticultura e criar um espaço diferenciado na porta da minha residência, atraindo para o local pessoas e pequenos animais como minhocas, pássaros, borboletas, lagartixas, abelhas e outros insetos polinizadores, que transformaram o ambiente abandonado e adverso em um Micro Ecossistema Urbano (MEU) agradável e útil a todos os seres vivos“;
“Entre as atividades da Horta, há também os serviços de realocação, readubação, revitalização de plantas, plantio de mudas em vasos e informações sobre as melhores opções de plantas para hortas e jardins de acordo com o seu espaço“;
“Participamos ainda de demandas em escolas, instituições sociais e particulares, com os serviços de organização e orientação sobre instalação de hortas. Aceitemos convites para feiras, oficinas e palestras sobre plantas medicinais e condimentos“;
“Nosso espaço está permanentemente aberto a grupos de estudantes, pesquisadores, imprensa“.
Dado o seu amor à causa e, mais ainda, a sua responsabilidade de bem-informar, Sandra interage diariamente com centenas de participantes de grupos sociais denominados de “Amigos da Horta”. Por outro lado, elabora um demonstrativo financeiro mensal relativo ao projeto, o qual encaminha, espontaneamente, para alguns órgãos do GDF, além de postar nos grupos amigos da horta, mantidos em rede social.
É um trabalho verdadeiramente elogiável, a meu ver de grande envergadura e impacto social, ainda mais porque administrado por uma única pessoa. Sem dúvida, a Sandra é uma referência a merecer os devidos e merecidos reconhecimentos por essa extraordinária atuação voluntária!
Fica esse exemplo e um belo legado para inspirar a todos nós, com impactos positivos para as futuras gerações.
Por fim, registrei algumas fotos do local, que vão a seguir, como singela ilustração do que foi dito acima sobre esse Micro Ecossistema Urbano.