Todos os dias observo o vai e vem dos alunos da escola vizinha à Horta no início da manhã, no meio do dia e no final da tarde. Muitos circulam na calçada ao lado, arrastando os carrinhos com material escolar e olhando em direção às plantas e murais do Projeto. Eles têm entre 12 e 16 anos de idade. Alguns parecem ter um ponto de interrogação no olhar. Gostariam de fazer perguntas, mas necessitam ser rápidos. Têm que colocar a mochila pesada no porta malas recentemente aberto, entrar pela porta lateral, porque os responsáveis na direção do veículo têm pressa, muita pressa. Poucos - os que têm pais ou avós menos apressados - conseguem se aproximar, escolher uma plantinha, pagar através do Pix ou em Reais e sair contentes do local. Eventualmente, um Grupinho pede para visitar o interior do viveiro. Bem-comportados, fazem uma ou duas perguntas. Uso a técnica do estímulo e mostro quatro ou cinco curiosidades. Sugiro que experimentem o jambu, a estévia e o merthiolate. Se der tempo, falo rapidamente sobre a compostagem com uso de minhocas e sobre o algodoeiro ou alecrim. Eles me ouvem atentamente e agradecem.
Ontem havia um grupinho de quatro meninos às voltas com as plantinhas do expositor. Percebi que estava havendo alguma dificuldade, pois examinavam os vasinhos e discutiam a respeito. Depois os colocavam no lugar original. Aproximei-me e perguntei se queriam ajuda. Um dos meninos informou que precisava levar um vasinho de planta para o seu professor. Os outros confirmaram. Sugeri um vasinho de cravínía com flor.
Alguém disse: “Esse não. Ele quer planta sem flor”
Então apontei para uma suculenta. “ Essa está boa”.
Pagaram e saíram em direção à escola.
Comentei com a minha ajudante:
“Das duas uma. Ou ele gosta muito desse professor ou está precisando de nota na disciplina. E os amigos, pelo visto, estão solidários”.
“Tamo junto”, costumam dizer.
Bsb 25/02/2023