O TRISTE FIM DO REAL

Por Sandra Fayad

Durou pouco - menos de trinta anos

Foi criança esperançosa, livre de correções

Sorria ainda embrulhado nos panos

Adolescente confiante nas projeções

Sonhos transformados em realidade

Teria casa própria a juros baixos

Poupança bem guardada, viagens,

Segurança alimentar, estabilidade.

Na sua tumultuada trajetória

Muitos perigos o ameaçaram

Mas o parâmetro da triste memória

Era a desastrosa e frustrante história.

E os rompantes iam sendo contornados.

Quanta luta para mantê-lo saudável!

Controlar o custo de vida, a instabilidade

Livrá-lo da pegajosa e perniciosa correção

Que tudo devorava nos juros em cumplicidade.

Mas quando todos estavam dormindo

No travesseiro, em berço esplêndido da boa fé

Derrubaram a estaquia que o mantinha em pé

Com tiros a esmo, derrotaram a esperança .

Uns gritam “Terremoto!”  E saltam ao léu

Outros desolados apenas dizem “É surreal”!

A bala tornou moribundo o jovem promissor

O plano da esperança, o nosso tão orgulhoso

 PLANO REAL.

Bsb, 10/11/2021

Obs: Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, fala hoje sobre esse tempo.