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Sandra Fayad Bsb
Minhocário de Palavras
Textos

TARTARUGA OU JABUTI

(Do meu livro esgotado Animais que Plantam Gente -
págs 211/218. Saiba mais: https://www.recantodasletras.com.br/analise-de-obras/5284132 )


Conhecer como vivem as tartarugas sempre foi uma das minhas curiosidades, especialmente por ter lido que esse animal atinge a idade de 200 anos ou mais. Pensando sobre isso, escrevi um poemeto intitulado
 

 AINDA BEM
Ainda bem que há céu sobre nossas cabeças
E terra sob nossos pés...
Que pena que vivamos tão pouco: só cem anos!
E que muitos se vão sem receber cafunés
Sem acreditar nos benefícios dos cafunés...
Ainda bem que sabemos que nada levamos:
Nem o que colhemos, nem o que plantamos.
Apenas o cobertor que esteve todo o tempo sob nossos pés.    

Nas pesquisas a respeito das tartarugas, descobri que a maior parte desse animal lento e cascudo existente aqui no cerrado e em outros locais da terra, na verdade não é uma tartaruga, mas um jabuti - também conhecido como jabuti-piranga.
Trata-se de um réptil, quelônio (¹), parecido com a tartaruga, cuja fêmea recebe o nome de jabota. A espécie é comum nas matas brasileiras desde o nordeste até o sudeste, e constitui-se em excelente fonte de alimentação para os nativos da região. A  carapaça do jabuti é ligeiramente alongada, alta e decorada com um padrão em polígonos de centro amarelo e desenhos em relevo. A cabeça é retrátil e as patas são cobertas por escudos vermelhos e negros (ou amarelos e negros, na subespécie do nordeste). Os machos são menores que as fêmeas medindo em média 30 cm, enquanto que estas medem de 35 a 50cm. O plastrão - escudo do ventre  - é reto ou convexo nas fêmeas e côncavo nos machos, justamente para se encaixarem por ocasião da cópula.
A alimentação é feita principalmente à base de fruto, mas os Jabutis são animais onívoros, ou seja, alimentam-se de qualquer substância orgânica. Costumam comer carne, frutas doces, verduras e legumes. Possuem hábitos diurnos e gregários (vivem em bandos) e passam o tempo em busca de alimentos, especialmente os das cores vermelha e amarela. Não possuem dentes, mas uma placa óssea que funciona como uma lâmina.
Sua maturidade sexual ocorre entre cinco e sete anos. O tempo para incubação de ovos vai de seis a nove meses e eles põem de cinco a quinze  ovos por vez. Vivem em média tanto quanto os humanos: em torno de 80 anos.
Assim como os jabutis, as tartarugas são répteis, quelônios (*), Testudinidae (mesmo gênero do Jabuti). Existem cerca de 300 espécies que ocupam habitats diversificados como oceanos, rios ou florestas tropicais. Estão na lista dos maiores répteis do mundo.
As tartarugas marinhas são solitárias e permanecem submersas durante muito tempo, o que dificulta extremamente o estudo do seu comportamento. Possuem visão, olfato e audição desenvolvidos, além de uma fantástica capacidade de orientação. Por isso, mesmo vivendo dispersas na imensidão dos mares, sabem o momento e o local de se reunirem para reprodução. Nessa época realizam viagens transcontinentais para voltar às praias onde nasceram. Podem dormir na superfície, quando estão em águas profundas ou no fundo do mar, sob rochas ou em áreas próximas à costa.
Os filhotes flutuam na superfície durante o sono e geralmente mantêm as nadadeiras dianteiras encolhidas para trás sobre a parte traseira do corpo.
O acasalamento das tartarugas marinhas ocorre em águas profundas ou costeiras. A fêmea escolhe um entre vários machos e o namoro começa com algumas mordidas no pescoço e nos ombros. A cópula dura várias horas e uma fêmea pode ser fecundada por vários machos. A fecundação é interna, podendo a fêmea realizar em média de três a cinco desovas para uma mesma temporada de reprodução, com intervalos em torno de 10 a 16 dias.  
No litoral brasileiro, as desovas acontecem entre setembro e março, com variação entre as espécies, porém podem ocorrer a partir de junho em alguns locais. Para desovar, as fêmeas procuram praias desertas e normalmente esperam o anoitecer, pois o calor da areia durante o dia dificulta a postura e, além disso, a escuridão da noite protege-as de vários perigos. Quando a noite chega, as tartarugas escolhem um trecho da praia livre da ação das marés para construir a cama e o ninho.
Com as nadadeiras anteriores escavam um grande buraco redondo, de mais ou menos dois metros de diâmetro (chamado de cama), onde se alojam para iniciar a confecção do ninho. Elas podem fazer várias camas até escolherem uma para pôr os ovos.
Feita a cama, constroem com as nadadeiras posteriores um outro buraco para o ninho, que tem cerca de meio metro de profundidade. Depois da postura, a mãe volta para o mar. Os filhotes rompem os ovos e nascem entre 45 a 60 dias a contar da incubação. O que faz os filhotes se desenvolverem dentro do ovo é o calor da areia. Temperaturas altas (acima de 29 ºC) produzem mais fêmeas, temperaturas mais baixas produzem mais machos.
Ao nascerem, em movimentos sincronizados, um filhote ajuda o outro a retirar a areia que os cobre até todos alcançarem a superfície do ninho e correrem imediatamente para o mar. A saída dos filhotes à superfície ocorre quase sempre à noite e, para chegarem ao mar, eles se orientam pela luminosidade do horizonte. Mas, uma chuva forte que cause o resfriamento da areia pode provocar a saída de uma ninhada durante o dia. Pequenos e frágeis, eles medem apenas cerca de cinco centímetros. Muitos são devorados por siris, aves marinhas, polvos e principalmente peixes; outros morrem de fome e doenças naturais.  Estima-se que de cada mil tartarugas nascidas apenas uma ou duas atingem a idade adulta. Chegando ao mar, supõe-se que passam as horas seguintes nadando para regiões oceânicas, onde ficarão mais protegidas de predadores e conseguirão colher alimento.
Passada essa fase de difícil sobrevivência, somente o homem e poucos animais conseguem ameaçá-las. Durante o longo período que vai da infância à idade adulta, chamado pelos pesquisadores de “anos perdidos”, não há praticamente nenhuma informação sobre o que acontece aos filhotes. Imagina-se que fiquem boiando entre algas ou vagando à deriva em mar aberto.
Ao entrarem na fase juvenil, já são grandes o suficiente para retornarem às águas costeiras, onde permanecem se alimentando e crescendo até atingirem a idade adulta e a maturidade sexual. Acredita-se que permanecem em uma área de alimentação durante toda a vida, exceto durante as temporadas reprodutivas quando machos e fêmeas retornam à praia em que nasceram para o acasalamento e desova.
Em mar aberto, as tartarugas marinhas encontram fortes correntes e, mesmo com estas limitações, são capazes de navegar regularmente por longas distâncias. Os mecanismos de navegação que lhes permitem sempre reencontrar sua praia de desova constituem-se ainda um grande mistério, estudado por várias gerações de pesquisadores.
As tartarugas de Galápagos (²) são da espécie que apresenta maiores dimensões, sendo conhecidas como tartarugas gigantes. Podem medir mais de 1,80 m de comprimento e pesar mais de 225 kg e são extremamente lentas. Caminham cerca de 250 metros por dia. São herbívoras, alimentando-se de erva rasteira, frutas, folhas e cactos. A população atual das tartarugas de Galápagos está estimada em cerca de 15.000 exemplares, muito longe dos 250.000 que viviam nas ilhas antes da colonização iniciada pelos espanhóis. A carapaça óssea dessas tartarugas é muito grande e as suas características morfológicas variam de acordo com o ambiente de cada ilha. Esta variação permite subdividir a espécie em vários sub-tipos.
O animal mais velho conhecido é justamente uma tartaruga das Ilhas Galápagos chamada Harriet, que tem cerca de 170 anos e vive num zoo no Estado de Queensland, na Austrália.
Há muito para contar ainda sobre as tartarugas, mas não vou me alongar para não fazer deste um texto cansativo. Gostaria apenas de lembrar que o projeto TAMAR, criado em 1980, tem por objetivo proteger as tartarugas marinhas da costa  do Brasil, através de 21 áreas de proteção desde o Ceará até Santa Catarina e gerar alternativas econômicas sustentáveis para essa área. Essas atividades envolvem cerca de 1.200 pessoas, a maioria de moradores das comunidades próximas às bases. É a estratégia de conservação conhecida como “espécie-bandeira” ou “espécie-guarda-chuva”. Mas o alcance do Projeto TAMAR tem sido dia-a-dia ampliado, através de educação ambiental, pesquisa aplicada e até de campanha junto à população para adotar uma tartaruga. Os recursos são destinados ao financiamento do trabalho dos tartarugueiros: pescadores e moradores das comunidades, técnicos e estagiários que durante a temporada reprodutiva são contratados para monitorar as praias e proteger ninhos, fêmeas e filhotes.
Intrigante é saber que as tartarugas vivem mais que o dobro do tempo de vida do homem e que as razões disso ainda são misteriosas para a ciência e os pesquisadores.
- O que será que as levam a usufruir de tamanha longevidade?
Observações:

(¹)animais que se caracterizam por ter o corpo protegido por uma carapaça, uma verdadeira armadura óssea formada pela expansão e união de algumas vértebras e das suas respectivas costelas, que os diferencia de forma evidente de outros animais.
 (²) Galápagos é um célebre grupo de 58 ilhas, situadas no Pacífico, das quais apenas 4 são habitadas. Ficam a aproximadamente 1000 km da costa oeste do Equador.

Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 08/12/2020
Alterado em 10/01/2022
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