AÇAÍ
Pensem nisto: Uma tigela de açaí com granola, bananas cortadas em rodelas, xarope de guaraná e mel.
Existe creme mais gostoso?
Mas...lá vem o advogado do diabo!
- Cuidado! Cada 100 gramas (do açaí puro) contém 274 calorias.
Bem, como nem tudo é cem por cento perfeito, convido-os para conhecerem um pouco mais sobre essa polpa de fruta mulata, energética e deliciosa, que entrou para a alimentação das pessoas da região centro-sul do país há pouco tempo.
Vocês verão que em torno dela também existe história, informações nutricionais e científicas valiosas, curiosidades e até lendas.
Então vamos lá!
O açaí é um fruto de aparência externa semelhante à jaboticaba e à uva, nascido de uma espécie de palmeira – o açaizeiro – que foi batizado pela ciência com o nome de Euterpe oleracea.
Essa espécie é típica das várzeas da Região Amazônica, lembrando-lhes que a área engloba os estados do Amazonas, Pará, Amapá e Maranhão, além dos países Venezuela, Colômbia, Equador e Guianas. O consumo do produto constitui-se em um dos alimentos mais importantes para os moradores desses locais, desde antes da colonização.
Somente há cerca de trinta anos é que os produtores dos demais estados brasileiros, cientes da importância dessa palmeira, passaram também a cultivá-la, ampliando bastante a sua produção.
AÇAÍ quer dizer “ïwasa'i” em tupi e significa "fruto que chora", ou seja, fruta aguada ou que expele água.
Conta a lenda, que uma tribo indígena, em determinada época, passava por dificuldades para conseguir alimentação. Havia entre eles uma índia chamada Juçara, que perdera o filho por falta de comida. Então ela, desesperada, se transformou em palmeira e ao filho morto em fruto da palmeira, ao qual deu o nome de açaí.
De fato, o açaizeiro é muito semelhante à palmeira juçara, nativa da Mata Atlântica, que tem nome científico de Euterpe edulis mart.
A colheita do açaí é feita subindo-se no açaizeiro com auxílio da peconha, que é um trançado de folha secas amarrado aos pés do colhedor para lhe proporcionar segurança.
Para ser consumido, o açaí deve ser colocado primeiramente de molho em água para que a polpa se solte. Depois é despolpado em máquina própria ou amassado manualmente em uma peneira sobre um vaso de barro. A polpa então é misturada com água filtrada, transformando-se em um creme fino, denominado vinho do açaí.
Os habitantes da Amazônia preferem tomá-lo gelado, na forma de suco ou misturado com farinha de mandioca ou tapioca. Usam-no também para fazer pirão, que serve de acompanhamento para peixes e frutos do mar.
Já nas demais regiões do Brasil, a preferência é pelo açaí na tigela, que é preparado usando-se a polpa congelada, frutas picadas, cereais e xarope de guaraná, o que não é bem visto pelos nativos da Região Norte, que encaram a mistura como um desperdício e uma opção de mal gosto.
Mas engana-se quem pensa que do açaizeiro só se aproveita a polpa do fruto para fabricação de sucos, sorvetes, cremes, geléias.
Só para concluir esta parte, saibam que dele extrai-se um alimento tão rico que, comparado à composição química do leite bovino cru, contém:
- quatro vezes mais valor energético;
- três vezes mais lipídios;
- sete vezes mais carboidratos;
- 118 vezes mais ferro;
- nove vezes mais vitamina B1;
- oito vezes mais vitamina C.
E ainda combate o colesterol e os radicais livres.
Já da raiz extrai-se também remédios para vermes, e do palmito para hemorragias.
As sementes, depois de limpas e secas, são usadas para decorar peças do artesanato local.
As folhas da palmeira servem para produzir trançados de cestos, jiraus e outras peças criadas pelos artesãos, além de serem muito usadas para cobertura de casas.
Do tronco faz-se ripas para telhados e as sobras da palmeira são usadas como adubo orgânico para outras plantas.
Que palmeira fabulosa!