Minha Rua é uma Festa

Por Sandra Fayad

Há momentos tão bons, tão gratificantes nesta minha atividade afinada com plantas, animais, terra, água, céu que eu só tenho palavras de gratidão ao Meu Deus e ao espírito sempre presente do meu pai, que teve a ótima ideia de criarmos a Horta na frente da nossa casa. Todos os dias acontecem situações surpreendentes e maravilhosas.
Hoje, logo pela manhã a minha vizinha do Bloco C encomendou mais de uma dezena de mudas para refazer a sua hortinha. Ela quis adquirir também uma suculenta para a sua escrivaninha e outra para presentear um sobrinho que faz aniversário. Como nossas casas são muito próximas, fiz questão de ir levar-lhe a encomenda. Aproveitei para revê-la e à sua mãe, minha amiga do começo dos anos 80, época em que compramos a casa. Somos parte de um Grupo de Moradores originais ou quase isto. Nesta casa, somos a segunda família a ocupar o imóvel, lá eles são os primeiros. Sempre nos demos muito bem, nossas filhas e nossos netos cresceram e brincaram juntos, trocamos receitas, experiências, alegrias e tristezas. Enfim, tornamo-nos quase uma família. No mesmo Bloco há, ainda, um contemporâneo colega de trabalho, com o qual tenho excelente afinidade cultural, Conversamos sobre o nosso tempo de vida profissional ativa, entre outros assuntos.  Mais acima há outra moradora antiga que, nos passeios diários com netos, bisnetos, cães e gatos, sempre para na minha porta para conversarmos. Suas netas fazem parte do Grupo que planta sementinhas e visita os espaços infantis da Horta. Há também amizades excelentes com histórias de vida semelhantes à minha, como todas as moradoras do Bloco A, com as quais compartilho muitas experiências boas ou não desde os anos 80. Todas as tardes recebo também vários moradores da Quadra Mista em frente, além dos que vão à padaria e aproveitam para apanhar os molhos de ervas medicinais e condimentos que ofereço em doação ao lado da calçada. Hoje o movimento está grande. Mal sai um, chega outro. Inspirada no livro “Paris é uma Festa”, de Ernesto Hemingway, posso dizer que “Minha rua é uma festa”.  E eu gosto muito disso.
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