Histórias da Horta - FILHA
Ela sempre gostou de se enfeitar e ao seu quarto, depois passou a enfeitar também a sua casa. Quando criança gostava de pelúcias, cortininhas, tapetinhos e bibelôs.
Eu, por força da profissão de caráter executivo, era o lado seco e prático da casa. Na verdade, nunca tive habilidades artísticas enquanto criança e jovem. A única habilidade correlata que desenvolvi foi a de escrever. Nisto também ela me superou. Tornou-se uma exímia professora de Português e de Inglês, redatora e revisora de monografias, teses, livros, inclusive os meus.
Agora, neste processo de adaptação à pandemia, com as restrições de mobilidade a que estamos todos sujeitos, resolvemos cada uma, a seu modo, reinventarmos nova rotina. Eu deixei a literatura um pouco em "stand by" e passei a me dedicar à Horticultura e cuidados com pequenos animais, que vivem na nossa horta urbana. Ela, por ter que se utilizar do recurso de atendimento on line optou, nas horas vagas, por lixar, pintar e recuperar objetos pessoais, inclusive os dos meus netos e até meus. Recuperou e deu cara nova à moldura de um quadro e nos enfeites de cerâmica da horta; pintou também alguns vasos e banquinhos. Estamos realizando uma troca interessante. Ela enfeita a minha casa e a horta, e eu planto umas mudinhas em vasos para o seu jardim, ensinando-lhe a arte de cuidar de plantas e animais polinizadores.
E seguimos nos reinventando pelo menos até fim da pandemia.
Brasília, 07/09/2020