NO CERRADO
(Sandra Fayad)
Se a cidade se ressente
do frio durante a noite,
de dia o clima é quente
e o ar é seco (de junho a outubro).
Brasília é feita de gente forte,
com lábios e pele ressecados,
cabelos quebradiços ou sem corte,
que sente sede ao sair de casa
com casaco no braço
para apanhar um transporte.
ANTES DA PANDEMIA
Junho era festivo na Capital
com São João pra todo lado:
escolas, clubes, parques, blocos
e até em gabinete climatizado.
Bandeirolas coloridas e forró,
quentão, canjica, pé de moleque
E o nordeste sempre no foco.
Em julho ficava melhor.
No primeiro fim de semana,
pra provar que não faltava nada,
nasceu a praia de verdade,
com leves ondas na enseada.
Um drible à falta de umidade.
Havia areia e até conchinha,
água de coco, guarda-sol,
queijo coalho e cervejinha.
Mas em julho havia muito mais.
Era música pra todo lado:
no Parque da Cidade, Olhos D'água,
e em mais de trinta parques da Unidade
convergia uma multidão de fãs.
De manhã à noite no cardápio
E na Torre, na Feira de artesanato,
capoeira, poesia, acarajé,
dindin, picolé, milho assado,
e tapioca na frigideira.
Festa perene sombreada,
pelos galhos secos e tortos
das árvores do cerrado.
Foto: Grupo Musical Liga Tripa original
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 17/07/2020
Alterado em 17/07/2020