Episódio 22 - Minha vida em Brasília: Os caminhos se abriam e a vida se mostrava promissora. Minha sogra, saudosa dos seus que ficaram em Minas Gerais, convenceu meu sogro a retornar à pequena cidade de suas origens. Quando retornaram a Brasília, fui informada de que a família guardara segredo sobre uma realidade que agora se manifestava. Meu sogro era alcoólatra. Magro, franzino,cavalheiro, carinhoso, esteve sóbrio por mais de quatro anos depois de passar por internações e tratamentos intensivos. Mas, ao reencontrar antigos companheiros de bar em Minas Gerais, voltara a se embriagar.
Minha sogra, muito religiosa, rezava e fazia promessas para que ele abandonasse a bebida, e se lamentava pela ideia de visitar sua família. No entanto, dia após dia, ele se afogava no álcool, ficando irreconhecível. Era assustadora a transformação porque passava. Era uma situação inédita para mim, com a qual eu jamais havia convivido, pois minha família sempre foi "comelona", nunca alcoólotra. Certa vez, no meio da noite, completamente bêbado, ele tomou um táxi e foi até ao prédio onde morávámos. Despertei, com um espetáculo deprimente. Embaixo do Bloco, ele gritava meu nome, fazia-me declarações de amor, dançava e gesticulava, acordando todo o prédio e até os prédios vizinhos. Fiquei muito assustada e envergonhada.