Minha vida em Brasília - Episódio 5:
O ano de 1968 foi muito bom para mim. Com o Curso Normal concluído em Catalão, o primeiro emprego foi em uma Construtora, que administrava muitas obras do Distrito Federal. Trabalhei só seis meses naquela empresa, mas nem assinaram minha carteira. O salário de 180 cruzeiros correspondia mais ou menos a um salário mínimo e meio. Quando iniciei lá, estava aguardando pelo concurso para Professora da Fundação Educacional. Essa sim era a minha meta profissional. Os donos da construtora eram irmãos. Um deles mantinha um relacionamento extra comjugal com a secretária. O outro começou a me assediar sem que eu entendesse a intenção por trás dos seus gestos e palavras. Certo dia, ele mandou me chamar em seu gabinete para conferir uns documentos. Puxou a cadeira para perto da sua e mandou que eu me sentasse ali. Depois fechou a porta e. em seguida começou a passar a mão nas minhas pernas, que estavam sempre cobertas com meias rendadas. Era assim que eu ia para o trabalho: de saia curta e meias! Levantei-me assustada, abri a porta e fui até o Departamento de Pessoal "pedir as contas". O chefe do Departamento, que queria me namorar, ficou em situação difícil perante seu patrão, mas devido à minha insistência, demitiu-me. Eu já havia sido aprovada no Concurso da Fundação Educacional e estava prestes a tomar posse. Em Brasília, nessa época, era muito comum que as moças passassem por esse tipo de assédio. Afinal, havia muito mais homens do que mulheres na cidade. Ocorrências dessa natureza eram muito comuns. Normalmente a polícia nem dava muita atenção às reclamações. Por isso, não era normal as moças irem a uma Delegacia queixarem dessas atitudes.