AUTO DA PRIMAVERA
Do Verão, és alma gêmea - a irmã preferida,
Que lhe coça as costas e massageia o ego.
Se apagas as cinzas e regas de cores a vida,
Em tua presença, a cantar no banho me pego.
Do Inverno, és meio-irmã, mas deves-lhe gratidão:
Sem ele não serias tão prestigiada, tão rainha...
À sua sombra, tomas as rédeas da coloração,
Despertando paixões do amanhecer à tardinha.
Do outono, és prima querida, afinada e generosa:
Juntas alimentam almas e levam perfume à mesa.
Se a uma agradeço por ser de frutos a dadivosa,
À outra rendo homenagens por viver tanta beleza.
Corres o Planeta, carregando no bolso a esperança,
Para presentear os “inverneiros” de plantão.
Há os que te aplaudem desde os tempos de criança,
E os que nem sabem se um dia te aplaudirão.
Mesmo assim vais injetando tons e sabores
Nos poros saudáveis da Mãe-Terra adoentada,
Para mostrar aos homens como podem as flores
Provocar, em suas vidas, a grande virada.