RETROSPECTIVA x PERSPECTIVA (Por Sandra Fayad Bsb) “Cada um rema sozinho uma canoa que navega um rio diferente, mesmo parecendo que esta pertinho.” João Guimarães Rosa
Ler e plantar, escrever e colher têm estado no meu dia-a-dia nos últimos 20 anos. Conheci pessoas, plantas, animais. Li autores clássicos, modernos e li também os livros que meus amigos lançaram e até alguns ensaios ainda não impressos. Li também sobre o meio ambiente, mas principalmente observei o seu movimento, generosidade e suas dores. Conviver, por definição é viver com. E eu tenho convivido com minha família, meus amigos de infância e com meus conterrâneos que, independentemente do que eu faça ou diga, me acolhem e me oferecem seu abraço à distância ou presencialmente. São encontros, reencontros, com ou sem poesia, mas nunca serão desencontros. Afinal, são laços com muitos nós. Tenho convivido com meus colegas de trabalho, com os quais mantenho afinidades trançadas em longa trajetória de convívio diário. Algumas começaram lá no final da adolescência, outras são do tempo em que sonhar era iniciar a construção de um futuro dinâmico e seguro. Nossos encontros são variados: almoços, festas de confraternização, viagens, ações sociais, visitas, atividades culturais que, muito mais do que reuniões corporativas, são oportunidades de trocas solidárias.
Tenho participado da minha comunidade, onde recebo desde os índios que vivem nas proximidades até a imprensa estrangeira. Nestas oportunidades ocorre a troca constante e enriquecedora de energia, valores e afinidade com os bens naturais, como plantas e animais. É principalmente na horta urbana e comunitária que eu confirmo todos os dias a perfeição da obra divina. Em cada movimento, desde a folha mais tenra ao rastro veloz da lagartixa, há mensagens muito especiais. Ali, alheia ao som da tecnologia, fico horas me doando e recebendo a paz, que liberta e afaga meu coração e minha mente.
Tenho também participado de atividades poéticas na cidade que me adotou e que foi por mim adotada, em uma troca interesseira no primeiro momento. Mas, com o passar dos anos, tornou-se um lindo caso de amor sem volta. A poesia é uma atividade lúdica, estimulante, agregadora e está na minha vida desde os 12 anos de idade, mas só a partir de 2005 é que ela se tornou minha companheira constante. Participar de grupos e atividades poéticas é sempre ir ao encontro do belo e do desconhecido com o coração cheio de boas expectativas. Quase sempre o resultado é gratificante, fortalecedor de laços e projetos. Mas (só para rimar) a poesia também dissocia. A despeito da convergência nos versos, a comunhão pode ser arranhada pela simples divergência de ideias. E aí vai-se embora a utopia.
Além de todos esses compromissos maravilhosos, ainda tenho sido premiada com gentilezas e enriquecedoras mensagens de amigos distantes fisicamente, com os quais me comunico e acompanho pelas redes sociais. Com alguns já tive o prazer de encontrar. Espero que outros encontros ocorram.
E a vida segue.
“Imagine o universo belo, justo e perfeito, disse-me o manual um dia. Então tenha certeza de uma coisa: O ser o imaginou bastante melhor do que você”. (Richard Bach).
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