Escrevi este texto há 9 anos. Recordando,com pequenas intervenções.
CATALÃO - A CAMINHO DO ANIVERSÁRIO
Ao completar (cento e quarenta e oito) cento e cinquenta e sete anos , no próximo dia 20 de agosto, Catalão é hoje a motivação deste texto. Peço licença para fazer uma viagem no tempo. Lembro-me do centenário da cidade. Naquele ano de 1959, em que eu concluía o curso primário no Colégio Mãe de Deus, a comemoração foi marcante. Desfilei junto com as outras meninas até o “Jardim”, para onde se dirigiram também os alunos do Colégio dos Padres Franciscanos e dos Grupos Escolares, para a realização da mais importante cerimônia cívica em que participei, com Hino Nacional, Bandeira Nacional, discursos de políticos e demais autoridades religiosas e civis. Parecia haver muita gente, mas era apenas impressão, pois o povo coube todo naquela praça, sem aperto.
O município, embora rico de recursos naturais, era humilde, quase desconhecido além de suas fronteiras; ainda devia muito à pequena população em serviços básicos como saúde e saneamento, iluminação, calçamento de ruas, asfalto de estradas, educação, oportunidades de trabalho. Olhando pela janela do passado, pode-se dizer que dormíamos sem conforto e acordávamos sem perspectivas.
Catalão hoje é pólo gerador de renda, rico e industrializado. É o maior produtor de nióbio do mundo. Tem projeção nacional como o município de menor índice de desemprego do País; qualifica, treina e especializa mão de obra, desde pequenos trabalhos artesanais até atividades que envolvem conhecimentos complexos. Tudo isso graças ao esforço conjunto de seus cidadãos. Enumerá-los é difícil. Peço permissão para fazer referência a alguns com os quais convivi quase que diariamente durante a minha infância e adolescência. Infelizmente já não estão entre nós. Meu pai, Jorge André, que era conhecido aqui em Brasília por “Seu Catalão”, tal era o orgulho com que contava as histórias de nossa cidade a cada pessoa que encontrava pela rua; meu padrinho João Fayad, que nos deixou prematuramente e que era um exemplo de retidão de conduta; meu vizinho, Júlio Pinto de Melo, poeta, amigo, conselheiro. É dele o versinho “ Minha terra natal é tão formosa. Meu pai, minha mãe, meu primeiro amor. Minha terra, ó meu botão de rosa!”. Finalmente, o Professor Antonio Chaud, intelectual elegante, em seu terno impecável, a mostrar-nos “a caminhada histórica de uma terra – Catalão - e de sua brava gente”.
Eles têm em comum a tarefa que a si mesmos atribuíram de transmitir-nos valores que jamais podem ser esquecidos ou abandonados, sejam quais forem as idéias inovadoras, o ritmo dos acontecimentos, os destinos da cidade, da Pátria, do Planeta.
Convém que nós, seus filhos, zelemos pela preservação dos bens construídos com o caráter de cada um desses homens e de suas companheiras. É no exemplo deixado por eles e - graças a Deus - por muitos outros seus contemporâneos e antecessores que devemos nos fixar com orgulho e responsabilidade. Compete-nos comemorar a herança que nos legaram. São valores capazes de resistir a grandes terremotos; em contrapartida, cabe-nos também muita responsabilidade, para com a árvore plantada e tão bem regada, impedindo que sofra com erosões, expondo e abalando nossas raízes. Proponho que nesta oportunidade em que a cidade completa mais um ano de existência, meditemos sobre isto.
Nos seus (148) 157 anos de existência
Há muito para comemorar, Catalão!
Há o passado de valores insubstituíveis
Há o presente de responsabilidades inquestionáveis
Há o futuro alinhavado em valores imprescindíveis.
Feliz Aniversário!