CAVALINHA
Sandra Fayad
O nome parece esquisito mas é assim mesmo: C A VA L I N H A que, por coincidência de grafia, faz parte da família Equisetaceae e cujo nome próprio é Equisetum arvense. Até aí nada é diferente da forma como nós, humanos, somos classificados e conhecidos.
Planta de aparência imponente, a cavalinha lembra uma dama elegante da sociedade. É muito bem vinda em grandes vasos de decoração nos cantos dos escritórios, gabinetes de autoridades, consultórios, jardins internos de edifícios.
Como todas as outras plantas apresenta algumas variações na roupagem, diversos apelidos e possui muitos parentes. A espécie mais conhecida é a que possui rama verde oca, em forma de canudo, e que pode atingir até dois metros de altura. Observados de baixo para cima, os canudos são constituídos de vários gomos rugosos com mais ou menos cinco centímetros de comprimento por um centímetro de diâmetro na base e que vão se afinando e encolhendo até o fechamento pontiagudo na extremidade superior. Suas raízes são profundas e vão se alastrando por debaixo da terra em busca de espaços para despontar na área disponível ao redor da muda original. Quando despontam, parecem com qualquer plantinha nova. As ramas vão crescendo vertical e paralelamente a partir da extremidade superior formando assim uma touceira harmônica. Quanto maior a quantidade e mais longas forem as ramas da touceira, mais valorizada é a planta pelo seu efeito decorativo. Para que a apresentação ocorra desta forma, é necessário cultivá-la em um vaso arredondado com pelo menos cinquenta centímetros de profundidade ou em canteiros delimitados, pois a tendência desta planta é ir expandindo-se por todos os espaços que ofereçam condições adequadas ao seu desenvolvimento. Os cuidados no cultivo são básicos: terra bem adubada e fofa, muita água e sombra, para que cresçam saudáveis e belas. As mudas são obtidas a partir de esporos, uma espécie de nó que aparece na extremidade da rama envelhecida.
Mas não é só a beleza da Cavalinha que nos beneficia. Conhecida popularmente também como cauda-de-raposa, cauda-eqüina, milho-de-cabra, rabo-de-cavalo, entre outras denominações, é considerada um diurético valioso no tratamento de diversos problemas de saúde como descalcificação de dentes e ossos, ácido úrico, males da bexiga, cálculos renais, celulite, edemas, substâncias tóxicas no organismo, gota, inchaço, incontinência noturna (em crianças e idosos), inflamação e infecção por bactérias no trato urinário, inflamações de útero, irritação das vias urinárias (rins e bexiga), lavar ferida, menstruações excessivas, obesidade, osteoporose, pedra na vesícula e rins, pressão alta, inflamações na próstata, queda de cabelos, para reduzir flacidez da pele e músculos (principalmente depois de dietas de emagrecimento), em regimes de emagrecimento, retenção de líquidos, reumatismo, resfriado, stress, é tônico nervoso, transpiração excessiva, tuberculose, unhas quebradiças rachadas ou fracas, úlcera.
O tratamento natural é feito através das próprias ramas, cortadas ou trituradas, com as quais se faz o chá, na proporção de duas colheres rasas de sopa de erva triturada para cada litro de água fervente, em infusão. A dosagem e frequência devem seguir orientação médica, pois existem efeitos colaterais pelo uso indiscriminado da erva tais como fraqueza, perda de apetite, exaustão muscular.
Pode ser administrada também na forma de gargarejos, compressas, lavagens, banhos de imersão, vapores.
Sua constituição é composta de vários ácidos, flavonóides, sais de potássio, ferro e magnésio, além de tanino e outras substâncias, que lhe conferem propriedades abrasiva, adstringente genito-urinário, antiacne, antidepressivo, antifúngica, antiinflamatória, antiperspirante, anti-seborréica, ciática, cicatrizante, clareador do cabelo, digestivo, diurético suave, hemostática, hipotensor, remineralizante, revitalizante, sebostática, tônica para peles oleosas.
Geralmente as ervas medicinais, para serem estocadas por longo período de tempo, são previamente desidratadas e trituradas. A cavalinha também passa por este processo, mas sua preparação é muito mais rápida, por conter pouquíssima água em relação às demais, o que reduz custos e facilita o armazenamento.
C ada uma de tuas ramas fina e alongada
A guça a curiosidade dos observadores
V em brotando de sob a terra bem adubada
A limentar de verde os olhos, mais que flores
L ambuzam de beleza grandes ambientes
I mpondo-se com apenas uma das cores
N a medicina onde já foste consagrada
H á a descoberta de cura para mais dores
A cada nova pesquisa na mídia publicada
Fontes:
1- Livro: Plantas Medicinais Do cultivo à terapêutica, de Anderson Domingues Corrêa (Farmacêutico), Rodrigo Siqueira Batista (Médico) e Luis Eduardo M. Quintas (Farmacêutico). Editora Vozes.
2 - Site: http://www.plantamed.com.br/ESP/Equisetum_arvense.htm.
3- Curso: Ervas Medicinais do SENAR/DF
4- Experimentos e Conhecimento Empírico por parte da Autora
5- Comprovação científica: http://www.cesumar.br/prppge/pesquisa/epcc2011/anais/camila_rodrigues%20%281%29.pdf
Obs.: Este texto faz parte do livro "Animais que plantam gente", de Sandra Fayad, pág. 111/114, editado em 2008 e revisado em 2015 (ver mais em www.sandrafayad.prosaeverso.net)