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Sandra Fayad Bsb
Minhocário de Palavras
Textos
SKIPYE - MEU ATUAL COMPANHEIRO

Skipye é um boxer de um ano e um mês de idade. Veio para nossa casa como os outros cães que já não nos fazem companhia, porque morreram ou desapareceram.
Os meninos o ganharam de presente de um amigo, quando estava com apenas dois meses de idade. Como sempre, para conseguirem permissão para adotá-lo, juraram que iriam cuidar dele direitinho. Notei que, desta vez, “seguraram as pontas” por mais dois meses, o que representa um recorde na dedicação à tarefa de cuidar de animais.
No início da convivência, foi hospedado no quarto de estudos das crianças, com travesseiro, cobertor, vasilhinhas para as refeições, bloco de controle de alimentação, cartão de vacinas, fortificantes, brinquedinhos de plástico. Fizeram até uma escala para a coleta dos detritos e a limpeza dos aposentos do “filho”.
Tygo, designado “o pai” e Mary, “a mãe”, nomearam os próprios pais “avós” do pequeno bibelô.
Mas o menos engraçado de tudo isso, foi a comunicação que recebi:
- Vovó, você agora é a “Bisavó” do Skipye.
Mimaram tanto o cãozinho que ele quase virou gente (mimada). Transformaram-no em um garoto voluntarioso e exigente.
Para variar, depois da lua-de-mel relativamente duradoura, bateu o cansaço (natural) nas crianças.
- Chega de sermos bonzinhos. Já deu trabalho demais - pensaram e disseram.
Doaram-me o cão, sem plano de saúde ou pensão alimentícia. A “avó” pagou o primeiro saco de ração, para demonstrar boa vontade e nunca mais se falou sobre isso. Passei a ser a única provedora e responsável, inclusive pela educação básica do meu novo hóspede permanente e primeiro “bisneto”. Como não tenho muito jeito para essas coisas, contratei um amestrador, que durante dois meses, três vezes por semana, “comeu” meu dinheirinho para ensinar o Skipye a “sentar” e “ficar”. Nada mais.
Certa vez, passando por uma livraria no Shopping, encontrei o livro “Adestramento Inteligente” de autoria de Alexandre Rossi. Comecei a folheá-lo e descobri que o pouco que o amestrador transmitira ao cãozinho estava minuciosa e didaticamente descrito ali. Comprei o livro e tirei o “adolescente” da escola. Como ainda não editaram uma Lei punindo quem deixa descendentes canídeos fora da sala de aula, me dei bem e o meu bolso agradeceu. Comecei então a fazer o curso para tornar-me professora de cães. Alguns conceitos básicos já foram passados com eficiência para o aluno. Outros ainda estão sendo trabalhados. A relação afetiva e a comunicação encontram-se bem mais desenvolvidas.
Skipye mora na varanda da casa, que tem 40 metros de área. Construímos um cercado com espaço de dois metros quadrados, para limitar sua movimentação ao receber visitas em casa ou em outras atividades, nas quais sua presença pode atrapalhar, como fazer a limpeza da varanda e das janelas, abrir o portão principal para a saída de veículos.
A convivência entre nós tem sido cada dia mais fácil, parte devido ao amadurecimento do meu companheiro, que agora é um rapazinho menos agitado. Parece que, resolvidos os problemas de adaptação ao ambiente e de dentição, Skipye se concentra em compreender se está agradando ou desagradando e a reclamar, em algumas ocasiões, seus direitos adquiridos ou suas pretensões, às vezes audaciosas, com latidos estridentes.
A varanda onde ele mora é também garagem. Quando retorno para casa de carro, a qualquer hora do dia ou da noite, ele instintivamente se posiciona em estado de alerta para receber-me. Abro o portão eletrônico por onde sai sistematicamente. Coloca-se atrás do carro e vem acompanhando-o até o completo estacionamento. Depois vai para o lado da porta do motorista para receber-me. Acho maravilhosa essa sua preocupação em escoltar-me.
Quando recebo visitas, ele se desloca voluntariamente para dentro do canil, deita-se e fica quietinho durante todo o tempo, até que a visita saia. Mas, depois disso, reclama se continuar preso.
Outro dia aconteceu um fato engraçado, que vou relatar-lhes a seguir.
Entrei em casa e fui almoçar com a família. De repente, ouvimos meu celular tocando. Minha filha levantou-se e saiu para procurá-lo pela casa, em vão. Percebendo que o som vinha da varanda, seguiu naquela direção e deparou-se com uma cena muito engraçada.
- Venham ver, gritou a Taty.
Saímos todos em disparada e caímos na risada com o que presenciamos.
O celular encontrava-se no chão tocando, todo estraçalhado, diante do olhar assustador do Skipye, que se encontrava a um metro de distância, amedrontado e, ao mesmo tempo, em posição de alerta, como se estivesse diante de um ET.

É que, ao passar por ali, deixei o aparelho cair sem perceber e ele, vendo aquele objeto gostoso de mastigar, pusera-se a degustá-lo, quando o aparelho começou a tocar insistentemente. Por sorte, já estava mesmo bem velhinho e a companhia telefônica, ao tomar conhecimento do fato, presenteou-me com outro bem mais moderno.
Bem, amigos leitores, por enquanto é só isto que tenho para contar sobre o meu companheiro Skipye. Espero poder diverti-los com novas aventuras interessantes. Se vocês quiserem enviar-me suas histórias sobre animais, será um prazer recebê-las. Comprometo-me a preservar-lhes os direitos autorais. Obrigada.
http://www.sandrafayad.prosaeverso.net/






 
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 05/05/2007
Alterado em 29/11/2020
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