Sandra Fayad Bsb
Minhocário de Palavras
Textos
BATE-PAPO COM DOIS MIL E QUATORZE
(Conto ficcional)
Por Sandra Fayad
No dia trinta e um de dezembro, às 23h58m, eu estava ensaboada da cabeça aos pés embaixo do chuveiro morno, quando ouvi o interfone tocar insistentemente lá fora. E agora? Como atendê-lo se eu estava daquele jeito no andar superior da casa. (De acordo com o site www.humornaciência.com.br, a 17ª Lei de Murphy é: Entre dois acontecimentos prováveis, sempre acontece um improvável).
Gritei para o visitante:
- Estou no banho. Aguenta aí um pouquinho que já vou.
Enxaguei-me às pressas, fechei o chuveiro, enrolei-me na toalha e desci as escadas correndo. Parei, olhei e pensei:
“Que figura estranha! O cara grandalhão, vestido de branco da cabeça aos pés, com um boné reluzente, cara de bumbum de nenê. Parece um fantasma... não vou chegar muito perto. Sei lá!”
“Boa noite! Posso ajudar?” Perguntei a dois metros de distância.
“Não está me reconhecendo?”
“Não”.
“Eu sou o Ano Novo. Posso entrar?”
“Fala sério! Dois Mil e Quatorze? Entra, rapaz! Seja bem-vindo!”
“Putz! Quase que você não entra de férias, Duas Mil e Treze. Eu já rodei por aí tudo. Não achava sua casa”.
“Ainda bem que encontrou. Eu havia me esquecido de você completamente. Fiquei entretida com as postagens no Facebook e com esses programinhas repetitivos de TV sobre o réveillon por aí afora. Mas, senta aí, rapaz! Vamos tomar um champanhe pra comemorar”.
“Vamos nessa!”
Abro o champanhe, que nem estourar, estoura mais (porcaria!), encho as taças e (pra variar):
“Tim-Tim, Tim-Tim... a você Dois Mil e Quatorze”, brindo eu.
“A nós”! Responde ele.
“Mas, me conta! O que é que você pretende fazer nos próximos 365 dias”?
“A copa do mundo de futebol no Brasil”.
“Só isso?”
“Rapaz, isso vai me dar um trabalho...Você não faz ideia. Sem a intenção de ser desagradável, digo que o seu trabalho que hoje acaba, mais o que vai acontecer com o resto do mundo, são fichinhas.”
“Virgem Santíssima!” – Eu me benzi.
“Pensa comigo! Estádios, estradas, pontes, viadutos, aeroportos, placas de sinalização – tudo mal feito, mal acabado, sujeira varrida pra debaixo do tapete. Manifestações populares contra a corrupção e a recessão, propaganda eleitoral, comícios, quebra-quebra, esconde-esconde, pega e racha, delegacias cheias; sem terras, sem tetos, sem escolas, sem saúde, sem segurança - todo mundo na rua...”.
“É. Você vai trabalhar muito mesmo. Se precisar de mim, vou tá de boa lá no Uruguai”.
“Cara, guarda um cantinho lá pra mim. Se o bicho pegar no Brasil, vou pra lá também”.
Visite meu site: www.sandrafayad.prosaeverso.net
(Conto ficcional)
Por Sandra Fayad
No dia trinta e um de dezembro, às 23h58m, eu estava ensaboada da cabeça aos pés embaixo do chuveiro morno, quando ouvi o interfone tocar insistentemente lá fora. E agora? Como atendê-lo se eu estava daquele jeito no andar superior da casa. (De acordo com o site www.humornaciência.com.br, a 17ª Lei de Murphy é: Entre dois acontecimentos prováveis, sempre acontece um improvável).
Gritei para o visitante:
- Estou no banho. Aguenta aí um pouquinho que já vou.
Enxaguei-me às pressas, fechei o chuveiro, enrolei-me na toalha e desci as escadas correndo. Parei, olhei e pensei:
“Que figura estranha! O cara grandalhão, vestido de branco da cabeça aos pés, com um boné reluzente, cara de bumbum de nenê. Parece um fantasma... não vou chegar muito perto. Sei lá!”
“Boa noite! Posso ajudar?” Perguntei a dois metros de distância.
“Não está me reconhecendo?”
“Não”.
“Eu sou o Ano Novo. Posso entrar?”
“Fala sério! Dois Mil e Quatorze? Entra, rapaz! Seja bem-vindo!”
“Putz! Quase que você não entra de férias, Duas Mil e Treze. Eu já rodei por aí tudo. Não achava sua casa”.
“Ainda bem que encontrou. Eu havia me esquecido de você completamente. Fiquei entretida com as postagens no Facebook e com esses programinhas repetitivos de TV sobre o réveillon por aí afora. Mas, senta aí, rapaz! Vamos tomar um champanhe pra comemorar”.
“Vamos nessa!”
Abro o champanhe, que nem estourar, estoura mais (porcaria!), encho as taças e (pra variar):
“Tim-Tim, Tim-Tim... a você Dois Mil e Quatorze”, brindo eu.
“A nós”! Responde ele.
“Mas, me conta! O que é que você pretende fazer nos próximos 365 dias”?
“A copa do mundo de futebol no Brasil”.
“Só isso?”
“Rapaz, isso vai me dar um trabalho...Você não faz ideia. Sem a intenção de ser desagradável, digo que o seu trabalho que hoje acaba, mais o que vai acontecer com o resto do mundo, são fichinhas.”
“Virgem Santíssima!” – Eu me benzi.
“Pensa comigo! Estádios, estradas, pontes, viadutos, aeroportos, placas de sinalização – tudo mal feito, mal acabado, sujeira varrida pra debaixo do tapete. Manifestações populares contra a corrupção e a recessão, propaganda eleitoral, comícios, quebra-quebra, esconde-esconde, pega e racha, delegacias cheias; sem terras, sem tetos, sem escolas, sem saúde, sem segurança - todo mundo na rua...”.
“É. Você vai trabalhar muito mesmo. Se precisar de mim, vou tá de boa lá no Uruguai”.
“Cara, guarda um cantinho lá pra mim. Se o bicho pegar no Brasil, vou pra lá também”.
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Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 18/12/2013
Alterado em 18/12/2013
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Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
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