MANGUEIRA, MANGAM MANGAS E MANGADAS
MANGUEIRA
MANGAM MANGAS E MANGADAS
Primavera abençoada! Acordo todos os dias ao som de zis... isp...ploc! Abro os olhos e me lembro que são elas fazendo um mergulho no gramado ou na calçada em frente à janela do meu quarto. Muitas estão amarelinhas lá nas grimpas da árvore-mãe. Outras balançam nas pontas dos galhos ao redor do tronco e, mesmo sem vento, se atiram ao solo, por obra e graça da maturidade e da força de gravitacional. O inconveniente é que o acesso à casa fica vulnerável ao sabor do acaso, como em uma roleta russa. Corre-se o risco de ir passando... e levar uma “mangada”.
Apesar disso, a mangueira de mais de seis metros de altura tem sido uma benção e uma atração na minha rotina. No inverno (ou seca), sua copa volumosa faz sombra para o jardim, melhora a umidade do ar dentro e fora da casa e abriga os pombos do frio rigoroso, que, no seu vai-e-vem, movimentam as manhãs ensolaradas. Na primavera-verão, ela é extremamente generosa para com toda a vizinhança e transeuntes. São tantas mangas doces e suculentas que dá para todos se saciarem a vontade. Acho graça quando vejo alguém murmurando hum...hum... enquanto vira os olhos de tanto prazer ao degustá-las. Os animais também se beneficiam. Cachorros, pássaros e até morcegos vem de longe para aproveitarem das delícias da safra dessa árvore abençoada, que produz uma grande quantidade de frutos durante várias semanas.
Percebo que as pessoas têm comportamentos variados no momento da colheita. Há os que simplesmente aguardam que as frutas se ofereçam e caiam aos seus pés, quando estão observando-as ou caminhando na calçada próxima – são os ecológicos civilizados. Há os que sobem na árvore e sacodem seus galhos, fazendo cair dezenas de mangas ao mesmo tempo e provocando uma sujeira ao redor da casa – são os bárbaros exploradores da natureza. Outros utilizam o que encontram pela frente na tentativa de acertar em cheio o alvo – são os franco-atiradores. Desses, eu não gosto, porque derrubam mangas verdes e folhas, além de colocar em risco as pessoas e as vidraças dos carros estacionados e também das minhas janelas. Mas há um senhor muito simpático, que veio me pedir licença para usar uma vara regulável com um cestinho colhedor de frutas na extremidade. Ele mora no prédio em frente à minha casa e sai todas as manhãs pela vizinhança portando seu equipamento e uma sacola. Colhe jacas, mangas, jambos,goiabas, jambochas e o que mais a primavera lhe ofertar.
- Todos os dias faço isto para agradar minha esposa, disse-me ele. Ela adora frutas colhidas do pé.
Mangar é um termo muito usado no nordeste brasileiro e significa caçoar afetando a seriedade, zombar. Mas parece que a origem da palavra é o mango e não a manga. De qualquer forma, a fruta tem homônimo na manga da blusa, da camisa, da jaqueta... Imagino como os aprendizes da nossa Língua devem ter dificuldades para entender a diferença.
Mangefera indica é o nome científico dessa fruta tão comum no nosso Brasil. Ela é da família das anacardiáceas e foi importada da Índia, seu habitat original, pelos colonizadores portugueses. Existem mais de 600 variedades, das quais as mais conhecidas são: rosa, espada, bourbon, coquinho, coração-de-boi, sabina.
Essa que tem aqui na frente da minha casa é a espada.
Rica nas vitaminas A, C e nas do complexo B (B1, B2 e B5) tem, entre suas capacidades, a de facilitar a absorção de nutrientes e auxiliar no equilíbrio dos líquidos do corpo. A grande quantidade de potássio sugere aos pesquisadores a existência de propriedades anti-cancerígenas. Devido ao alto teor de vitamina A, é um excelente antioxidante do organismo, combatendo com eficácia os radicais livres, que são considerados a ferrugem do corpo e provocam o envelhecimento precoce.
Contém ainda fósforo, cálcio, ferro, proteínas, gorduras e hidratos de carbono, que ajudam na formação e melhoria dos músculos, sangue, ossos, dentes e hormônios. Seu uso é recomendado em casos de bronquite e escorbuto; é depurativa do sangue.
Do ponto de vista das guloseimas, desde criança sempre dei preferência ao doce de manga cremoso acompanhado de uma fatia de queijo minas. A opção deve-se ao fato de que esse doce possui acidez natural e fibras, o que o torna menos enjoativo que os demais. Experimente!
Fontes :
1-http://educar.sc.usp.br/licenciatura/1999/manga.html
2-Livro: Alimentos que curam, do homeopata Dr. Paulo Eiró Gonçalves (7ª edição)
3-Experimentos e conhecimento empírico por parte da autora
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 12/03/2007
Alterado em 10/11/2016