Sandra Fayad Bsb
Minhocário de Palavras
Textos
MANHÃ DE NATAL
(pequeno relato real)
Sandra Fayad
Véspera do Natal. Manhã de sol em Brasília, agradável depois da chuva. Caminhada habitual pela Peclovia. Nas laterais, montes de terra vermelha seguidos de montes de grama. É para nivelar as laterias da pista a fim de evitar erosão. Trabalho final. Arremate.
Ao passar pelo ninho das corujas, na 710 norte...cadê o ninho?
No local, um monte de terra vermelha. Não acredito! Aquele ninho que nos últimos meses foi objeto de visitação, fotos, vídeos, ponto de parada das famílias que caminham, dos ciclistas que param- todos os dias pela manhã e à tarde.
Os que construírma a Peclovia tiveram o cuidado de preservá-lo.
E agora soterraram o ninho!?
Não é possível. As corujas teriam reagido. Eu mesma vi quando escorraçaram um gavião. Gritam muito quando um cachorro se aproxima, fazem voo rasante sobre as cabeças dos curiosos que querem tocá-las. Não viram que haviam fixado residência ali?
Como não viram? Como foi isso? Aquele monte de terra nem está alinhado com os demais. O caçambeiro fez isso de propósito? Mediu forças com elas e as venceu com a máquina pesada e barulhenta?
Fui mais adiante pensando sobre essas coisas, desolada, incrédula. Voltei. Nova surpresa. Lá, ao lado do monte de terra, estava ela magra,com uma tristeza infinita estampada no olhar. Falei:
"Pobrezinha! O que fizeram com seus filhotes"?
Ela me olhou assustada. Com dificuldade, moveu as patinhas uma a uma em minha direção, bem devagar.
"Você está sofrendo, meu bem. Está machucada"?
Ela se balançou, moveu a cabecinha, olhou-me, ergueu os olhinhos para o céu, novamente movimentou o pescoço à direita e à esquerda, a cabeça e os olhos para baixo e para cima. Eu juro que ouvi (podem dizer que sou louca, não me importo):
" Fui buscar alimentos. Quando cheguei, eles estavam soterrados. Por favor, tire-os daí. É minha família. Eles são tudo para mim".
"Sinto muito, meu amor. Não tenho forças para remover todo esse monte de terra", respondi.
Meus olhos se cruzaram com os dela novamente.
Chorei. Choramos.
Bsb, 24 de dezembro de 2012
Visite: http://www.sandrafayad.prosaeverso.net/
(pequeno relato real)
Sandra Fayad
Véspera do Natal. Manhã de sol em Brasília, agradável depois da chuva. Caminhada habitual pela Peclovia. Nas laterais, montes de terra vermelha seguidos de montes de grama. É para nivelar as laterias da pista a fim de evitar erosão. Trabalho final. Arremate.
Ao passar pelo ninho das corujas, na 710 norte...cadê o ninho?
No local, um monte de terra vermelha. Não acredito! Aquele ninho que nos últimos meses foi objeto de visitação, fotos, vídeos, ponto de parada das famílias que caminham, dos ciclistas que param- todos os dias pela manhã e à tarde.
Os que construírma a Peclovia tiveram o cuidado de preservá-lo.
E agora soterraram o ninho!?
Não é possível. As corujas teriam reagido. Eu mesma vi quando escorraçaram um gavião. Gritam muito quando um cachorro se aproxima, fazem voo rasante sobre as cabeças dos curiosos que querem tocá-las. Não viram que haviam fixado residência ali?
Como não viram? Como foi isso? Aquele monte de terra nem está alinhado com os demais. O caçambeiro fez isso de propósito? Mediu forças com elas e as venceu com a máquina pesada e barulhenta?
Fui mais adiante pensando sobre essas coisas, desolada, incrédula. Voltei. Nova surpresa. Lá, ao lado do monte de terra, estava ela magra,com uma tristeza infinita estampada no olhar. Falei:
"Pobrezinha! O que fizeram com seus filhotes"?
Ela me olhou assustada. Com dificuldade, moveu as patinhas uma a uma em minha direção, bem devagar.
"Você está sofrendo, meu bem. Está machucada"?
Ela se balançou, moveu a cabecinha, olhou-me, ergueu os olhinhos para o céu, novamente movimentou o pescoço à direita e à esquerda, a cabeça e os olhos para baixo e para cima. Eu juro que ouvi (podem dizer que sou louca, não me importo):
" Fui buscar alimentos. Quando cheguei, eles estavam soterrados. Por favor, tire-os daí. É minha família. Eles são tudo para mim".
"Sinto muito, meu amor. Não tenho forças para remover todo esse monte de terra", respondi.
Meus olhos se cruzaram com os dela novamente.
Chorei. Choramos.
Bsb, 24 de dezembro de 2012
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Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 24/12/2012
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