Textos
CORDELZINHO DOIS (A): LETRAS NO ESPELHO (A)
CORDELZINHO DOIS (A)
LETRAS NO ESPELHO (A)
Minhas frases são molduras
Da confiança espelhada
Onde desenhei caricaturas,
Que me levaram à derrocada.
Minhas palavras são fraturas
Na memória engavetadas,
Obrigando-me a lembranças
De um tempo sem estrutura.
Sinto falta do meu atleta
Que as maratonas arrastou
Instalou-se em um harém
Distante de onde estou.
Inspiro-me para escrever
Escrevo em busca de ar.
Corro para massagear os pés
Ando para oxigenação celular.
Estico para não encolher
Alongo para me aprumar,
Depois leio para enriquecer
Os textos que vou ofertar.
Na mídia, sou porcelana
Que um virus pode quebrar.
No Sistema, apenas um número
Só lembrado nas eleições
(Sem candidatos pra votar).
Na família, sou membro inútil,
Que formata um doce lar,
Nem tanto, nem tão pouco
É melhor eu me calar...
No trabalho, sou “servidor”
A serviço de um Estado
Corrupto e corruptor
Que só quer se locupletar.
Escrevo o que está engasgado.
Falo da terra, do céu, do mar.
Conto histórias do passado
Onde posso me referenciar.
Faço duetos com o Tó
Um amor de poeta lusitano
Lindo como um curió
Que escolhi para meu par.
No “Horizontes da Poesia”
Encontrei muitos escritores.
Gente séria e talentosa
Poetas fortes, generosos,
Que comigo trocam prosa
E me dedicam louvores.
Aprendi que virtudes e defeitos
Na verdade são bens-de-raiz.
Têm som de gente cortês
Cheiro de briga-de-foice
Sabor insosso de sordidez.
Aprendi
Que espelho emoldurado
É faca afiada de dois gumes
E do diabo, advogado.
Tem ângulo reto e bissetriz
Onde projetamos o futuro
Que costuramos no passado.
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 06/03/2012
Alterado em 17/01/2016
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