Textos
CAIXAS DE VERNIZ
Enrijecem nas minhas artérias
O silêncio mórbido, o menos
Da melodia suave dos pássaros.
Os médios, os grandes, os pequenos
Morreram ou sumiram?
Acabou aquela alegria contumaz!
Vieram do Parque Nacional,
No último desastre ambiental.
Pediram-me socorro.
Prometi-lhes paz!
Confiaram em mim; fui mal!
Falhei também com elas - as plantas
Restaram poucas, infelizes...
E pensar que eram tantas...
Foram essas criaturas horríveis
Que as quebraram mais e mais...
Destruíram seu perfume, sua beleza, suas raízes.
Com elas desaparecem lagartixas,
Borboletas, minhocas, beija-flores
Beijar o quê? Concreto? Grama?
Vejam, crianças! Não há mais flores
É a barbárie! O cimento, a ferramenta
Na mão de quem desama.
É a lei que não pega, não se aplica
Não prende, nem arrebenta
(Que saudades do Figueiredo!)
É a ordem que não funciona
Nem depois do malfeito.
Os destruidores? “Gente boa!”
Estabilizados servidores da Nação
Sabem tudo de ruindade.
Esfregam-nos os cargos no nariz.
É a jurista que não obedece leis de trânsito;
É o soldado que jura dar a vida pelo País.
Cidadã motriz! Cidadão infeliz!
Matam um micro-ecossistema
Plantam no lugar da Horta
Concreto, em caixas de verniz.
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 13/02/2010
Alterado em 15/07/2020
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