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Sandra Fayad Bsb
Minhocário de Palavras
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TARTARUGUEIRO
TARTARUGUEIRO

Você sabe o que significa Tartarugueiro?
Se pensou que são pessoas que caçam, pescam ou vendem Tartarugas, enganou-se. Também não são propriamente tratadores ou cuidadores de Tartarugas em cativeiro.
Tartarugueiros são (uma espécie de) anjos em carne e osso que protegem os ovos das Tartarugas Marinhas. Tartarugar é o verbo que define sua atividade dentro da Fundação Pró-TAMAR, conhecida como Projeto TAMAR, que hoje está mais para “Governamental”, do qual falarei mais detalhadamente em outra matéria.
O que fazem afinal os Tartarugueiros?
Geralmente acordam às 3 horas da manhã e vão percorrer de quinze a vinte km de praia silenciosamente a pé à procura de ninhos de Tartarugas, que ainda estão sendo cavados por elas na areia ou onde acabaram de por seus ovos. Se ainda estão saindo da água, aguardam para ver onde elas vão fazer os buracos (ninhos) e ali por os ovos. A ferramenta de trabalho dos Tartarugueiros, nesse primeiro momento, constitui-se apenas do próprio calcanhar e em algumas ripas de madeira de dois metros de comprimento e um pequeno martelo. O calcanhar é pressionado sobre a areia onde parece haver um ninho: se afundar, servirá para confirmar a suspeita; as ripas servem para serm fincadas em volta do local, de onde sairão os recém-nascidos (de 80 a 130, por desova).
- O que significa “por desova”? perguntei ao Antônio.
- Significa dizer que a mesma tartaruga sobe do mar para a praia de três a cinco vezes, com intervalos médios de 12 dias por temporada de reprodução, para por mais ou menos a mesma quantidade de ovos.
- Uau! Como ela é fértil!
Mas sobre a vida das Tartarugas também vamos conversar em outra oportunidade, porque o assunto é extenso e fascinante, pode ter certeza.
Voltando aos tartarugueiros, a Base do Projeto Tamar em Pirambu supervisiona quarenta e seis quilômetros de praia. Entrevistei Antonio e Neto, que me contaram tudo o que eles fazem do momento que acordam até o final do seu expediente de trabalho.
Pois bem! Por volta de 8 horas da manhã, após demarcarem os ninhos, eles voltam à Base do Projeto e agora, munidos de caixas de isopor especialmente preparadas para acondicionar os ovos, retornam em um jipe aos locais de desova. Vão abrir ninho por ninho e recolher cuidadosamente ovo por ovo com a areia que os envolve, colocando-os dentro da caixa de isopor, sem balançá-la, na mesma posição em que estavam no ninho. Com o mesmo cuidado, vão transportá-la para um local protegido, dentro da Base do Projeto. Lá, serão imediatamente manuseados com o mesmo cuidado e transferidos para ninhos idênticos aos originais, onde irão nascer os filhotes em segurança daí a 50 dias.
Caso não haja esses cuidados os ovos irão gourar.
Mas, prestem atenção! Só adotam esse procedimento em relação aos ninhos que estão ameaçados por maresias, trânsito dos próprios veículos motorizados ou mesmo de pedestres ou, então, muito vulneráveis a predadores.
Quanto aos demais ninhos localizados, o procedimento de proteção é outro. Após a entrega dos ovos acondicionados aos biólogos e estagiários na Base, os tartarugueiros fazem um intervalo para descanso e almoço. Mais tarde, vão novamente aos locais demarcados, agora munidos de telas de proteção. Cavam cerca de vinte centímetros na areia sobre o ninho e as instalam ali, recobrindo-as novamente com areia. Esse procedimento visa proteger os ovos dos predadores costumazes: raposas, cães, gaviões e outros pássaros.
Os ninhos, tanto na praia quanto na sede do Projeto Tamar são catalogados e acompanhados diariamente pelos tartarugueiros, população rebeirinha, biólogos e estudantes de biologia. Todos assumem a responsabilidade solidária de evitar sua destruição. O período de desova e incumbação ocorre do mês de setembro ao mês de março seguinte. Nessa época os tartarugueiros têm muito trabalho e até ganham uma renda extra de acordo com a quantidade de ninhos que conseguem proteger.
Como informei no livro Animais que Plantam Gente, a Tartaruga é um animal em extinção e, de acordo com as estatísticas, de cada mil nascidos sem monitoramento, apenas uma sobrevive, tal é a quantidade de predadores e as adversidades que os filhotes enfrentam.
Os tartarugueiros do Projeto Tamar também ajudam na identificação das tartarugas que visitam a praia monitorada, colocando nas mães que já desovaram, sempre que possível, um chip de identificação. Sabe-se também que elas levam cerca de vinte e cinco anos atingir a maturidade sexual e só a partir daí é que retornam para desova. Como o monitoramento iniciou-se em Pirambu há vinte e sete anos, acredita-se que parte das tartarugas-mães não identificadas já são aquelas que foram salvas no início do acompanhamento.
- Vocês gostam do que fazem? indaguei
- Bem, é um trabalho duro, mas gratificante. O melhor momento é quando a gente vê aquele monte de tartaruguinhas indo, uma atrás da outra, para o mar – respondeu Neto.
- Deve ser mesmo uma experiência linda! Um dia voltarei para ver isso, respondi.

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Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 27/11/2008
Alterado em 21/12/2015
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