HORTA COMUNITÁRIA URBANA, EM BRASÍLIA
HORTA COMUNITÁRIA URBANA EM BRASÍLIA
PREPARAÇÃO, IMPLANTAÇÃO, MANUTENÇÃO, EXPANSÃO.
1. O espaço disponível - 200 m² - corresponde à parte frontal de três residências, em Brasília, limitada aos fundos pelas casas e à frente por calçada e rua de trânsito intenso de veículos. A área encontrava-se abandonada, cheia de entulhos, restos de obras ( pedras, cimento, ferros, tinta de paredes, tinta de ferragens, vidros, plásticos), totalmente imprópria para agricultura.
2.O primeiro passo foi a remoção de todo o material misturado à terra e transformação do solo improdutivo em solo limpo, terminando com um pequeno período de descanso.
Em seguida, iniciamos a fase de revitalização da área, através de tratamento da terra (aplicação de matéria orgânica, poda de árvores, combate aos formigueiros e cupinzeiros existentes) . Novo descanso.
3.Como o solo possui uma inclinação de mais de um metro, nos seus dez metros de largura, providenciamos o seu nivelamento e formatação dos canteiros em formas e tamanhos variados, já que existem diversas árvores frutíferas e ornamentais no local.
4.Na seqüência, definimos os locais de plantio, de acordo com as necessidades de cada tipo de mudas ou semente, obedecendo à sua necessidade de sombreamento, luz solar, umidade, capacidade de expansão, considerando também que necessitarão resistir ao excesso de água no período chuvoso e à falta de umidade no período da seca. São duas fases bem antagônicas que afetam diretamente a produção local.
5.Para interagir com o público e criar um ambiente convidativo à participação dos transeuntes e vizinhos que circulam na área, improvisamos uma pequena decoração e a fixação de um mural com informações sobre as plantas, reportagens na imprensa sobre a Horta Comunitária Urbana (HCU), poesias e textos afinados com a atividade; disponibilizamos formulários para cadastramento voluntário, caixa de correspondência, recipientes para doações, locais para oferta e retirada de mudas e folhagens, mediante pequenas doações em dinheiro na caixa de correspondência ( auto-serviço).
6.Observamos também que era necessário providenciar a proteção das matrizes das plantas mais tenras e das frutas ( mangas e jambos) que caem sobre a calçada e a HCU na primavera. Instalamos, então, um telado em forma de cobertura de cabana de índio (apoiado em bambus) entre a copa das árvores e o solo.
2. PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO
O apelo à sensibilidade das pessoas resultou na entrega à HCU de plantas abandonadas e doentes para recuperação. Estamos implantando o hospital de plantas e tem surgido demanda para a implementação do hotel para plantas, por parte de pessoas que viajam, reformam, mudam-se de residência ou ficam temporariamente impedidas de cuidar delas. Estamos analisando esta hipótese.
Na HCU, damos tratamento diferenciado para as plantas doadas. As orgânicas, que não admitem uso de agrotóxicos, e ornamentais, que admitem uso de agrotóxicos, ficam separadas e recebem atenção de acordo com sua origem e antecedentes.
Fazemos vistoria diária com recolhimento de materiais trazidos pelo vento ou depositados na área por transeuntes descuidados, o que tem ficado cada vez mais raro. São sacos plásticos, potes, garrafas, papéis de balinhas ou bombons.
3. PARTICIPAÇÃO DA FAUNA
Para conquistar os animais que freqüentam a HCU (pombos, sabiás, beija-flores), borboletas, calangos, lagartixas, nós lhes oferecemos alimentos como alpiste, ração, compostos e água doce.
Construímos um minhocário, com as dimensões de 2 m x 1,5 m x 0,80 m, onde os amigos da horta depositam sobras como cascas de frutas e legumes e folhagens para a alimentação das minhocas, que já produziram considerável quantidade de húmus em uso na HCU.
Adotamos o sistema de reciclagem de vasos plásticos e de cerâmica e de garrafas pet em três modalidades: transformação em vasos para mudas, delimitação de canteiros (repelente de formigas e cupins) e embalagem para as poesias, que enfeitam o local
4. COLABORAÇÃO DA FLORA
A HCU produz suas próprias matrizes ( sementes e mudas), que são colhidas e transformadas em novas mudas ou canteiros.
Constantemente reavaliamos, re-adubamos, fazemos rotatividade de cultura, utilizamos a comunicação visual e desenvolvemos a sensibilidade e a percepção sutil para detecção de necessidades de cada espécie e fazemos o atendimento solicitado pelas plantas.
5. ATIVIDADES CORRELATAS
Participamos de eventos, realizamos palestras e orientações pré-programadas ou não, recebemos grupos de estudantes e estudiosos do assunto e aceitamos convites para participação em atividades afins, desde que não haja custo financeiro.
6. PROJETOS (dependendo de apoio institucional e técnico)
a- Coleta de água das chuvas na área urbana, a partir dos telhados das casas e prédios, com canalização para reservatórios, de onde será distribuída para os pontos de irrigação, através de gotejamento e/ou pulverização, conforme a necessidade de cada área plantada;
b- Abastecimento do reservatório através de caminhões pipa, com programação sistemática, durante o período da seca;
c- Elaboração e implantação de projeto paisagístico padronizado e institucionalizado;
d- Implementação de centenas de Hortas Comunitárias Urbanas semelhantes no Plano Piloto e Cidades Satélites do Distrito Federal com extensão para todo o território nacional.
CONCLUSÃO
Horticultura é muito mais que um empreendimento comercial ou atividade profissional. Horticultura é um processo de integração entre seres: humanos, plantas e animais. É um hábito de vida que exige dedicação para se obter resultados a curto, médio e longo prazo, como praticar exercícios, alimentar-se adequadamente.
Horticultura Urbana ou Rural deve ser objeto de atenção e apoio institucional, logístico e técnico, sem burocracia e sem demora, sob pena de não poder mais ser viabilizado;
Águas das chuvas que correm pelo asfalto da cidade arrastam consigo todo o lixo gerado nos centros urbanos, que vão contaminar a água que consumimos nos mananciais dos rios próximos e no subsolo, provocando doenças já erradicadas, alergias e até a morte prematura. Portanto, é urgente que se pense em uma solução a curto prazo para este e outros problema, se quisermos que as duas próximas gerações que chegarão ao planeta nele permaneçam em condições adequadas de sobrevivência e longevidade.
Neste caso, não há milagres à vista. Há que haver ações responsáveis.
Bsb, JUL/2008
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 13/09/2008
Alterado em 06/01/2014