SHOW DE LAGARTIXAS NO ASFALTO
SHOW DE LAGARTIXAS NO ASFALTO
Cenário típico de Brasília. Aqui tem dessas coisas! Quinta-feira, feriado, eu descia de carro pela Entrequadra 714/15 Norte, vagarosamente, acompanhada por mais três ou quatro motoristas que dirigiam no mesmo ritmo preguiçoso de quem está “desligado” da rotina, na metade de um dia morto, imprensado, enforcável.
Eram aproximadamente duas horas da tarde e o sol que se negara a despontar pela manhã, permitindo que fizéssemos um programinha ao ar livre, agora brilhava e esquentava bastante o asfalto, só para pirraçar os que desistiram de se aventurar para locais mais distantes de casa, como clubes e cachoeiras.
O semáforo de acesso à Avenida W3 e às Superquadras 314/15 passava do amarelo para o vermelho, obrigando-nos a parar tão sonolentamente, que eu só identifiquei os outros carros quando me virei para um e outro lado e conferi pelos retrovisores.
Do lado direito da rua pessoas conversavam na varanda do restaurante. Alguns já se movimentavam em direção aos seus automóveis estacionados nas proximidades, na volta para casa; do lado esquerdo há um ponto de ônibus, onde outras pessoas esperavam, chegavam e saiam naquele movimento morno compatível com o dia atípico; à minha frente, estava a Avenida W3 no sentido norte-sul, por onde trafegavam os poucos veículos, para os quais o sinal se encontrava verde, naquele momento.
De repente, surgem bem diante dos meus olhos incrédulos, a um metro da parte frontal do meu carro, duas lagartixas que, tal como esses malabaristas fazem nos cruzamentos, também começaram a fazer uma espécie de apresentação pública no asfalto quente. A surpresa maior é que elas se demoraram nas suas evoluções, brincando e trocando carinhos no espaço físico de aproximadamente dois metros quadrados, como se quisessem mostrar à platéia do que eram capazes.
Finalmente a mais jovem retirou-se em direção à parte de trás do ponto de ônibus, deixando para a mais robusta a tarefa de fazer os agradecimentos. Então ela ergueu o cabeção e eu pude ver, bem ali na minha frente, a sua cara inteira e os olhos brilhantes que pareciam mesmo estar dizendo alguma coisa. Fiquei hipnotizada!
Mas, que pena! O sinal abriu, e por causa da movimentação dos outros veículos, ela foi ao encontro da sua companheira e eu atravessei a Avenida W3, lamentando não estar com uma filmadora preparada para esse momento tão especial.
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 31/01/2006
Alterado em 14/08/2007