O Blog " O Bem Viver" de Dáttoli comentou a entrevista cedida pelo Professor de Medicina, pesquisador e médico, Dante Gallian, ao Blog Página Cinco. A matéria é muito interessante.
"O pesquisador ouvido na matéria é Dante Gallian, responsável por inúmeros trabalhos nessa área, que publicou, recentemente, o livro “A Literatura como Remédio – Os Clássicos e a Saúde da Alma”. Segundo o professor Dante, a literatura pode ajudar no combate à ansiedade, no tratamento de pacientes psicóticos e também da depressão em pacientes da terceira idade. Por se tratar de um remédio para a alma, é natural que ajude “a curar enfermidades de origem psíquica e emocional, que são as mais prevalentes no mundo atual.”(Blog O Bem Viver)
Trechos da entrevista:
Dante é formado em História pela USP, onde fez seu mestrado e doutorado. Seu pós-doutorado veio pela École des Hautes Études em Sciences Sociales, de Paris, e desde 1999 é professor e diretor do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde da EPM. Grande entusiasta da leitura – acredita que ler é um ato revolucionário -, teve sua vida impactada por clássicos como “A Odisseia”, de Homero; “A Divina Comédia”, de Dante; “Dom Quixote”, de Cervantes;...
Dentre os problemas que um bom livro pode combater, Dante aponta principalmente para um que define como “predominante e crônico em nossos dias”: a ansiedade, algo diretamente relacionado à constante pressa a qual quase todos parecem estar submetidos. “Vivemos um tempo em que tendemos a privilegiar tudo o que é imediato e circunstancial e a desprezar tudo o que é permanente e essencial. Vemo-nos, cada vez mais, transformados em máquinas de produção e consumo e isso nos desumaniza e nos faz doentes.
Estamos sempre extremamente ocupados, mergulhados numa dinâmica operacional de resolução de problemas e realização de tarefas, esquecendo de amar, de olhar, de contemplar o mundo, a vida.as pessoas que nos cercam”.Ao nos “sequestrar”, através de uma narrativa envolvente e uma trama interessante, a literatura tem o poder de nos lançar numa outra espacialidade e temporalidade.
Em meu livro cito um autor francês, Daniel Pennac, que num ensaio genial intitulado “Como um Romance” afirma que “o tempo para ler é como o tempo para amar: é sempre um tempo roubado” Vivemos um tempo em que tendemos a privilegiar tudo o que é imediato e circunstancial e a desprezar tudo o que é permanente e essencial. Vemo-nos, cada vez mais, transformados em máquinas de produção e consumo e isso nos desumaniza e nos faz doentes.
O remédio é realmente “roubar”; roubar tempo que talvez dediquemos de forma exagerada às redes sociais, à televisão e a outras atividades que ocupam nosso tempo de ócio com sempre mais do mesmo.