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Sandra Fayad Bsb
Minhocário de Palavras
Meu Diário
29/03/2012 13h52
QUADRAS SETECENTOS DO PLANO PILOTO - BRASÍLIA

Concordo com o Clóvis. É impossível reverter a situação pelas razões expostas e também por questões de segurança. As casas da Quadra 700 do Plano Piloto, p.ex., são alvos fáceis de bandidos. Quantos casos já tivemos de assaltos e rendição de moradores, a despeito do gradeamento? Hoje moradores que vivem nessas casas desde 1960/70 são obrigados a se protegerem com grades, cercas elétricas, câmeras de segurança e ainda assim vivem assustados e completamente vulnéráveis, porque o Poder Público nunca lhes garantiu um mínimo de segurança, sem contar que não cuida do arvoredo, do gramado, das calçadas, da iluminação. As quadras 700 são literalmente abandonadas desde sempre. A esse respeito e também para reforçar a opinião do Clóvis a respeito das posições casuísticas de interesses eleitoreiros e econômicos, reporto-me a um fato ocorrido a alguns anos durante uma reunião no Conselho do Patrimônio Histórico, em brasília. Segue o link da matéria amplamente debatida por arquitetos renomados: 

 
 

 

 

Os inimigos do tombamento são poderosos
Publicado 15/03/2012 17:16
Não é difícil entender porque tanto se desrespeita o tombamento do Plano Piloto como Patrimônio Cultural da Humanidade. Basta entender como funciona o poder político no Distrito Federal. Desde 1987, são 25 anos de transgressões cometidas por empresários ávidos de lucros, com o apoio de deputados distritais e juízes, a conivência de sucessivos governos distritais e a omissão de autoridades federais.
O problema é tão velho quanto Brasília, e desrespeitos ao projeto urbanístico de Lucio Costa existem desde a inauguração da cidade. E já eram muitos na década de 1980, o que chamou a atenção do então governador José Aparecido de Oliveira que, com muito trabalho, conseguiu o reconhecimento do Plano Piloto, pela Unesco, como Patrimônio da Humanidade. Não fosse isso, as Asas Sul e Norte já teriam blocos de 20 andares, o Parque da Cidade já teria sido loteado entre as construtoras e incorporadoras.
Mas as coisas pioraram a partir de 1990, quando o governador passou a ser eleito e foi constituída a Câmara Legislativa. Quem defende a democracia defende eleições, mas é preciso reconhecer que o problema das violações ao patrimônio começa nelas. Infelizmente. A busca pelos votos a qualquer custo e o financiamento de campanhas eleitorais estão na base de praticamente todo o desrespeito ao tombamento do Plano Piloto.
 Não há governador do DF que tenha sido eleito sem a ajuda financeira de empresários da construção civil, legalmente ou pelo caixa dois. Todo mundo sabe disso e alguns empresários arrotam esse apoio sempre que têm oportunidade. O mesmo acontece com deputados distritais. E muitos deputados que não recebem dinheiro desses empresários antes da eleição, recebem durante o mandato, especialmente quando se votam questões urbanísticas. E isso não aconteceu só no governo de Arruda, não.
Por isso os empresários da construção civil de Brasília fazem o que querem: mudam normas de gabarito, constroem blocos com sétimo andar disfarçado, adensam áreas já saturadas, inventam quadras e superquadras onde elas não deveriam existir, alteram a destinação de lotes, invadem áreas públicas e assim por diante.  Conseguem aprovar leis na Câmara que são sancionadas pelos governadores, cometem irregularidades e ilegalidades sem serem incomodados por ninguém. Grandes empresários subornam altos funcionários, pequenos empresários subornam fiscais. Têm sido assim e continua sendo assim.
A livre movimentação dos empresários da construção explica, por exemplo, os espigões de Águas Claras e do Guará, a transformação das já conturbadas margens da Epia em áreas residenciais, o adensamento irresponsável na W4 e na W5, o projeto de torres na 901 Norte, os apartamentos disfarçados de hoteis na orla do Lago, o aumento do número de superquadras previstas para o Sudoeste e para o Noroeste, a quadra 500 no Eixo Monumental, o centro administrativo em Taguatinga e até o estádio de dispensáveis 70 mil lugares.
O dinheiro dos empresários traz os votos, mas não basta isso. Os candidatos precisam dos votos dos que invadiram terras públicas ou compraram terras de grileiros para construir condomínios, para aumentar a área de suas lojas, para construir quadras esportivas e piscinas em suas casas, para aumentar seus lotes e protegê-los com grades e muros. Precisam dos votos dos que impunemente deformam as quadras 700 e a Vila Planalto.
Mas a teia não para por aí. Quando o governo ou o Ministério Público agem, ou procuram agir, sempre há alguns juízes para conceder liminares protegendo as ilegalidades e irregularidades.  O tombamento do Plano Piloto tem inimigos nos três poderes e no poder principal: o econômico.  Helio Doyle http://www.meiaum.com.br/blog.php?blog=3&id=439: )
Comentários: 
Clóvis | 27.03.2012 10:27
Sr. Hélio, Se o Sr. acha que o projeto original de Brasília é tão bom e perfieto, deveria começar exigindo que se acabasem com os semáforos, as passagens diretas pelas W# sul e norte e L2 sul e norte, pelo fechamento das cidades de santa Maria, Samambaia, São Sebastião, as espansões de Ceilândia, além do setor P, etc. etc... Ah, também voltar a rodoviária interestadual para o Plano Piloto, na nossa magnífica obra prima, que corta os dois eixos da cidade, como previsto no projeto inicial, que era o grande marco da cidade, característica essencial do Plano Piloto. Ah, não esqueça de mandar demolir todos os condomínios, em especial os das colônias agrícolas Vicente Pires e Samambaia, que deveriam ser chácaras. Ah, não se esqueça de ressuscitar o Dr. Joseph Menguele, para ajustar o tamanho atual da população, ao necesáriopara acomodar os habitantes neste espaço que o Sr. julga ser o adequado. Alías, até hoje eu não entendo como nem Lúcio Costa e nem Niemeyer quiseram morar aqui. Será que eles temiam que não teriam sossego, por ter que dar autógrafos durante todos os dias de suas vidas? Ou será que ouviria reclamações? Sinceramente, eu acho o projeto do PP muito bom, mas da forma como ele foi feito, não consegue se sustentar nos dias atuais. Prova disso são as profundas alterações no trânsito, sem as quais, já estaríamos parados, há muitos anos. Compartilho com o Sr. as posições, acerca da piliticagem, da grilagem, etc. Eu moro em Brasília, desde 1978. Cheguei aqui criança. Vi o Parque da Cidade ser fundado. E logo depois ele começou a ser atalho para Asa Sul. Eu morava inicialmente no Cruzeiro Novo. Dias atrás, ao percorrer o caminho inverso (Asa Sul para Sia), me espantei com o egarrafamento detro do Parque, que ia desde a saída da 911 sul, até quase os fundos do Complexo da CPE, onde havia o antigo barzinho que vendia côcos. Incrível isso. Vi nascer a Octogonal (eu passva por lá, no matagal, quando perdia o ônibus, que passava a cada 30 minutos), o Sudoeste e outros tantos apêncides. Bem, conenhamos, há sim, tudo o que falou, e concordo em parte, por que infelizmente a corrupção é um mal generalizado, desde há muito (vamos dizer assim, desde Caim e Abel...), e em todas as scoiedades. A diferença na nossa está apenas na cara de pau, desvergonhada e escancarada. Eu defendo uma readequação de Brasília. Acho que precisamos conversar muita coisa, para evitar especulação e desvirtuação. Mas também as \"mudanças\" que custam caro, favorecem os amigos do poder, e custam caro aos moradores da cidade, seja pela perda que qualidade de vida, seja pelos impostos, seja pelo enriquecimento ilícito e até mesmo pela especulação causada pela pouca oferta e muita procura. É utopia tentar manter o projeto original, como feito em 1956 ou o tombamento, de 1986, feito, cá entre nós, por alguém sem nehuma legitimidade (em minha opinião). Concordo com a opinião de Urbanistas: \"Precisamos enxergar os valores histórico-culturais e a qualidade de vida acima de quaisquer outros...\" Este mesmo, é um dos motivos que escrevo. refiro-me, às ocupações históricas: vila Planalto, Telebrasília, Vila Rizzo, Mansões atrás do Iate Clube, às chácaras perto da Caesb, do Jaburú, do Torto, e tantas outras que nem conheço. Todas foram criadas antes mesmo da inauguração de Brasília, ou nos primeiros anos dela. Precisamos nos lembrar, que o governo incentivava a chegada aqui, até mesmo doando terrenos e mesmo apartamentos e casas funcionais. Assim nasceram, o Guará, Cruzeiro, Taguatinga, Ceilândia... Nessa época, a constituição era diferente, e não vedava por exemplo, o usucapião em terras públicas. Se os ocupantes dessas áreas tivessem requerido esse direito, antes de outubro de 1988, certamente teriam obtido êxito. Desde 1986, até hoje, muita coisa mudou. Principalmente, que Brasília foi um sucesso, até demais... Agora, entendo que a revisão do plano de ocupação, deve ocorrer de forma transparente, com debate sério, e assegurando a justiça, a quem ajudou esta cidade a nascer e se transformar nesse sucesso. Nada de mandar para longe, os ocupantes históricos e seus descendentes. Até por que eles bem poderiam ter aceitado ir para Guarà, Taguatinga, etc. Querer fazer isso agora, é abrir as portas para a especulação futura. estes, são em minha opinião, os únicos que verdadeiramente preservaram Brasília, mesmo que a sociedade os considerassem invasores de áreas públicas. Alías, o tema \"áreas públicas é be controverso\", e de acordo com o Novo Código Civil, os imóveis da Terracap não se enquadram mais como públicos, mas isso é outra história. Precisamos ser práticos, ponderados, objetivos, honestos e principalmente realistas. Veja: \"A Brasília real que queremos\" em http://www.facebook.com/ABrasiliaQueQueremos

Alexandre Duarte de Lacerda | 24.03.2012 00:49
Perfeito. A omissão nossa de ver o errado e nada fazer p o combater contribui. É preciso mobilização, um grande movimento contra o avilte às normas de postura! Um mau exemplo que salta aos olhos é o que recentemente ocorre no Gilberto Salomão Salomão: os lojistas invadiram a calçada frontal, só o Bier Fass mantevisse recuado. O que fazer? Começar uma campanha p que os lojistas recuem suas lojas, e assim sucessivamente. Ocorrido o desrespeito, as invasões, grilagens, etc: vamos combater. O movimento pode ter um nome: BRASÍLIA SEM PIRATAS!

Isabella | 17.03.2012 10:03
Obrigada, Hélio, pela honestidade. Abraço

FREDERICO FLÓSCULO PINHEIRO BARRETO | 16.03.2012 11:00
Excelente texto: objetivo, espelhando a terrível realidade do ataque especulativo sobre Brasília, envolvendo a longa série de governos corruptos com relação à ordem urbana e territorial. Brasília está sob ataque, e permanecerá assim até que instrumentos de cidadania prevaleçam: leis e planos que empoderem a população que defende sua concepção de cidade-parque.

Ione | 16.03.2012 10:44
Perfeito o entendimento. Essa é a nossa luta como pessoas preocupadas com a preservação da memória do nosso país. Coloquei um link dessa postagem no meu blog a respeito do mesmo assunto. http://architetandoverde.blogspot.com/

Urbanistas | 16.03.2012 10:31
Texto brilhante e corajoso! A luta dos que defendem Brasília é, acima de tudo, contra o poder econômico e a especulação voraz que está sempre a postos para a devastação e para em seguida buscar um novo alvo. É contra isso que Brasília tenta resistir e se manter. A população precisa urgentemente enxergar que essa destruição é vendida de forma demagógica com muitos nomes como modernidade e progresso e que ao poder econômico importa a manipulação da opinião pública contra o tombamento. Precisamos enxergar os valores histórico-culturais e a qualidade de vida acima de quaisquer outros, bem como termos orgulho de vivermos em Brasília e de defendê-la.

 

Publicado por Sandra Fayad Bsb
em 29/03/2012 às 13h52
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