Uma cidade, uma restinga, uma BR, rio e mar. Lá fora a ilha. A história mal contada, mal explorada, a preservação do patrimônio cobrado, fiscalizado, exigido. Mas burlado. Os nativos contados nos dedos. Serviços e produtos voltados basicamente para a exploração DO TURISTA . Paisagem linda, mas comprometida. Falta higiene na maioria dos locais onde se dorme e se come, faltam organização, tabela de preços, preocupação com o futuro da história passada. Ninguém sabe ao certo se foi aqui ou ali que se deu tal ou qual fato.Supõe-se!
Jamais farão uma ponte ligando a aldeia à cidade. Os 300 metros de travessia de barco geram estrondosa renda para políticos e empresários, que exploram hotéis, restaurantes, barracas. O que não é de uma certa empresa de turismo, é conveniado. Transporte público fraco, taxi sem taxímentros. Preço da corrida de acordo com a cara do freguês. Vi um turista estrangeiro protestar: "Paguei R$15,00 para vir até aqui há 30 minutos. Você quer me cobrar R$36,00 para voltar. Isto não está certo!". Ao que o motorista, apoiado por seus companheiros respondeu: " O preço aumentou!".
"Agora"? perguntou o turista. "Sim, agora, neste instante".
No hotel onde nos hospedamos, bem localizado, ajardinado, elegante, de frente para a praia principal, apareceu uma barata caminhando no quarto, moscas pousavam nos bolos e biscoitos nos balcões do café da manhã todos os dias. Os turistas torciam o nariz e comentavam: "Que sujeira"!
Lá - dizem que em todos os hotéis - é proibido comprar comida e bebida fora do hotel, sob pena de haver multas e acréscimos nas diárias. O hóspede tem que pagar todas as diárias previstas antecipadamente. Doze horas antes de encerrar o período, o sistema eletrônico cancela o código da chave de acesso ao apartamento e o sinal da Tv, que não é a cabo. É necessário ir à recepção reclamar. O sinal da internet é ruim. É necessário ir até a recepção com o equipamento para conseguir conectar.
São prejudicadas as atividades culturais como cinema, teatro, biblioteca pública. Praticamente não há. A única universidade existente não possui infraestrutura de acesso até mesmo à pé. Os alunos tem que atravessar trechos de matagal, areia, barro vermelho e alagamentos para chegar e sair do prédio, encravado em uma rua distante do centro.
Conheci uma voluntária cuidando da Biblioteca particular João Ubaldo Ribeiro e dos projetos da Universidade, que me emocionou. Ela se desdobra para realizar algum dos seus ideais de difusão cultural, sem apoio institucional e sem recursos de qualquer origem.
Este foi o Porto Seguro que vi.
Bsb, 25-03-2012