Fahed Daher
Pare um momento só a carruagem louca
da busca do dinheiro e do poder.
Veja que a nossa vida é breve e muito pouca
a chance de viver para viver.
Encontre tempo para olhar o céu,
apague as luzes todas que há ao seu redor,
aguce o ouvido d ‘alma que você esqueceu,
procure, no universo, um bem maior.
Escute o som harmônico de estrelas,
os cânticos corais das brisas tão macias.
Há luzes faiscantes e tão belas
no embalo levitante de alegrias.
Aguce seus ouvidos e da su’ alma,
esqueça o chão, esqueça a luz... Apaga...
Fite as estrelas, fite - as com calma
e sinta de começo, notas vagas...
É primavera. Eclode em tudo a vida,
nas folhagens, nos talos e nas flores,
na orquestração sublime que convida
a viajar nos mundos multicores.
Há nos trovões, também, toda a estridência
dos tambores da orquestra celestial,
compondo a sinfonia da existência
da primavera, augusta e triunfal.
Eclode a vida nas marés, vertentes,
nas vagas, nas marolas e nos rios,
no murmurar dos riachos e nos pios
das aves tagarelas e contentes.
Tomando os instrumentos do universo
numa orquestra de anjos e de arcanjos
em sonatas, alegros, melodias,
compondo partituras com arranjos,
são repetidas pelos mais diversos
espíritos de luzes e harmonias
que nos trazem aqui, na nossa espera,
todo esplendor dos sons da primavera.
A natureza é um grande palco multicores
onde estão trompas, vozes e violinos,
violas, violoncelos, harpas e tambores
e flautas... E um maestro de sentidos finos
que pode ser você, sozinho, num cenário,
buscando a voz de Deus, num campo, solitário.
01 de10 de 1.998/ 23,30 horas.