Histórico da horta que foi criada em 2007, em uma área de 37 m², foi objeto de dezenas de reportagens e de milhares de visitantes até 2013. Possui várias espécies de ervas medicinais e condimentos, algumas orçamentais, plantas de proteção, produz humus, cuida pequenos animais, tem um projeto multiplicador e social:
Realizou-se no período de 23 a 28 de setembro de 2013 aI FLICAT, na qual participei em vários eventos, convidada pela organizadora Maria José, da UFG - CAC.
Sobre “A Revolução dos Bichos” de George Orwell
George Orwell viveu quase exatamente a primeira metade do século XX (1903-1950), período em que ocorreram as duas guerras mundiais, a guerra civil espanhola e que Ghandi conquistou a liberdade da Índia do jugo inglês, através da tese da “não violência”. Assim como Ghandi, Orwell é indiano, educado na Inglaterra e observador e crítico político, inclusive na condição de combatente em terra alheia. Serviu na Birmânia e combateu na guerra civil da Espanha.
Trata-se de uma fábula muito bem arquitetada, onde cada personagem representa um tipo humano, mantidas suas características físicas. No primeiro momento, mostra a insatisfação dos “seres” com o tratamento que lhes era dispensado, sentem-se explorados, maltratados, subjugados. Eliminam a causa da sua infelicidade, expulsando o causador (o dono da granja e seus auxiliares). Tomam conhecimento do acervo existente, realizam várias ações no sentido de reorganizar o espaço, definem atribuições de acordo com as necessidades do grupo e as habilidades individuais, reafirmam seu domínio sobre o espaço através de luta corporal, criam slogan, bandeira, hino e começam a produzir e a se protegerem sob o comando do líder da revolução ( o porco Bola de Neve). No entanto, sua gestão foi interrompida quando decidiu dar um salto de modernidade no trabalho do grupo - (construir o moinho de vento). A traição vem através da força ( porco Napoleão e seus cães treinados)e se impõe através do seu porta-voz (Garganta), que se encarrega de pregar a perseguição ao ex-líder, exaltar as qualidades do golpista, e da implantação das novas regras e neutralização das reações contrárias. E para deixar claro quem é que mandava, o novo comandante executou em praça pública os desafetos, fechando assim as portas a quaisquer novas resistências. Feito isso, aliou-se aos opressores da vizinhança, tornando-se um deles, podendo inclusive dividir com eles os louros da dominação da massa popular.
A obra é atual e - sem pessimismo, mas com realismo e desesperança – é eterna e real, desde que o homem resolveu se organizar em sociedade para obter da terra os bens necessários à sua subsistência com menor sacrifício individual.
No entanto, há quem sonhe com o mundo mais justo. No livro “Após o Capitalismo – A visão de Prout para um Novo Mundo”, que encontrei por acaso na Biblioteca Central de Lisboa, há a seguinte explicação: “ A excepcional importância do sistema Prout reside em dois pontos fundamentais: a integridade e a viabilidade. Todo o sistema parte de uma correta compreensão do ser humano, pessoal e coletivo, e o autêntico desenvolvimento humano...Em cada pessoa atuam três dimensões: o físico, o mental e o espiritual. As três tem que ser desenvolvidas articuladamente , caso contrário, ou não há desenvolvimento ou o desenvolvimento produz injustiças e muitas vítimas. Exatamente o método Prout foi pensado para criar o desenvolvimento com equilíbrio (“Pramá”) e com harmonia. O resultado será o bem-estar e a felicidade de todos.”
Sandra Fayad (10-09-2013)
Minhas conclusões sobre o livro A mulher que escreveu a Bíblia, de Moacyr Scliar.
Em primeiro lugar tenho a impressão que o autor se inspirou no incidente gerado pela declaração do deputado Clodovil Hernandes, que acusou a deputada do PT, Cida Diogo, de ser feia. Em uma sessão de votação, Clodovil, como era conhecido, declarou: "Digamos que uma moça bonita se ofendesse porque ela pode se prostituir. Não é o seu caso. A senhora é uma mulher feia". O fato, que gerou uma série de desdobramentos na mídia, provocou discussões sobre a beleza feminina, lembrando a célebre frase de Vinicius de Moraes: “Que me desculpem as feias, mas beleza é fundamental”.
Moacyr Scliar começa a história com a antítese da afirmativa: “A feiura é fundamental, ao menos para o entendimento desta história”.
As citações bíblicas sobre os reinados de Davi e de seu filho Salomão, bem como as condições de vida dos súditos, as regras sociais e morais em vigor à época são expostas na obra com simplicidade, acrescentando ao leitor valiosas informações históricas e/ou mitológicas da cultura judaica. Outro aspecto que vale a pena ressaltar é a presença constante da sexualidade desde a infância até a fase senil, com as restrições impostas e os mecanismos utilizados para satisfazer essa necessidade básica, desde os mais rudimentares como pedra, cabra.
A feiura da personagem principal constitui uma barreira contornável pelo fato de a “Feia” ter aprendido a ler e escrever. Os acontecimentos relacionados ao pastorzinho, seu sonho de consumo sexual no primeiro momento e, ao que parece, no final, bem como a Salomão, seu esposo real, são costurados a partir da necessidade física e emocional de toda donzela: sexo, amor, carinho. No caso da “Feia”, essa necessidade parecia mais acentuada, justamente porque entravam outros componentes como ansiedade, medo de rejeição. Pareceu-me que o autor pouco entende da natureza feminina, pois atribuiu à personagem um comportamento em relação ao sexo típico de homens, ou seja, quase todas as suas ações e pensamentos são típicos da sexualidade masculina: importância exagerada, palavreado, agressividade.
A Bíblia encomendada em pergaminho e tinta, fiscalizada, retificada pelos anciãos, especialmente por aquele que perseguia a moça, foi usada para caracterizar os métodos sutis e corruptos adotados no mundo da política, tornando-se uma obra submissa à vontade de alguns poucos interessados.
O autor chama a atenção do leitor para a importância da amizade, mostrando que a curta fase lúdica da 700ª esposa de Salomão, a Feia, ocorre justamente quando ela conhece Mikol, a concubina que desmistifica o vigor sexual do Rei, mostrando-lhe que ele era um homem como outro qualquer, com falhas, inseguranças e limitações. E, de fato, ela já não o via com os mesmos olhos de admiração, quando o desafiou e se impôs na defesa da amiga moribunda e quando partiu em sua defesa, quebrando protocolos.
A ameaça à integridade do rei, a destruição dos escritos e o julgamento do pastorzinho finalmente resulta na noite de núpcias tão sonhada e na libertação da personagem.
Sandra Fayad (29-07-2013)