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Sandra Fayad Bsb
Minhocário de Palavras
Meu Diário
31/01/2014 22h22
REPORTAGEM SOBRE A HORTA - 31-01-2014
Não sei se vão repetir amanhã. Mas já está no site deles. Convido-os a clicarem aqui: 
 
 

No Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=X3E_r0H75U8&feature=youtu.be

Obrigada

 

Sandra Fayad
http://www.sandrafayad.prosaeverso.net/
Autora dos Livros: Animais que Plantam Gente ;Histórias de Jorge, o Batuta;
Poemas Síntipos; Cerrado Capital - A vida em duas estações.
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Publicado por Sandra Fayad Bsb
em 31/01/2014 às 22h22
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21/01/2014 00h51
Resenha: Grande Sertão, Veredas - Por Murilo Moreira Veras

AS VEREDAS MÍSTICAS

DE GUIMARÃES  ROSA

 

                                          Murilo Moreira Veras

 

Grande Sertão: Veredas, do mineiro Guimarães Rosa, não é apenas um romance discorrendo sobre um tempo, uma história contada com certo enredo e muitos personagens. “O Conde de Monte Cristo”, do francês Alexandre Dumas também é um romance narrando uma história cheia de aventuras e personagens. Mas o livro de Rosa está a anos luz do de Dumas. Porque não se trata de um romance simples.

Aliás, a bem da verdade, não se sabe ao certo como classificar este livro: se é um romance antropológico ou um tratado de sociologia, de religião — ou então um livro de memórias. Mutatis mutandis, urge outra indagação, também pertinente: qual o gênero classificável da obra? É uma epopeia ou uma saga? Suspeitamos tratar-se daquilo que os estruturalistas apontavam, nos seus alfarrábios, como “gênero carnavalesco”, quer dizer, uma algaravia, um vale-tudo literário, apresentando “n” formas conteudísticas.

Atente você que, como o livro roseano não tem lógica, este nosso comentário também não. A história não tem começo nem objetivo. Sobre o que trata? Quais são os personagens principais?

Ora, quais são os personagens da Iliáda? Sabemos alguns apenas, Aquiles, Páris, Ulisses, Menelau, Enéias – mas também são personagens os deuses míticos: Atena, Zeus, Dionísio. O cenário de “Ilíada” é a guerra travada entre os gregos e troianos, a Guerra de Troia.

Em Grande Sertão: Veredas também eivam personagens, inúmeros, por sinal: Riobaldo, o Tatarana, Reinaldo/Diadorim, Joca Ramiro, Medeiro Vaz, Zé Bebelo, Ricardo, Hermógenes e dezenas de outros mais, todos jagunços que perambulam pelos sertões dos “gerais”.

Na famosa epopeia de Homero, o objetivo, o resultado da guerra, é recapturar Helena, raptada por Páris, o príncipe troiano. Qual o objetivo da saga roseana, essa estupenda epopeia dos sertões brasileiros? É sobretudo celebrar o Sertão, espécie de contingência ontológica, com movimento próprio, independência, terreno alado, recheado de mistério, conceitos – espaço este que também constitui um personagem. E quem são os elementos míticos, os deuses, onde estão?

O ser mítico ou ente atávico de Grande Sertão: Veredas não é outro senão o Capeta. É o personagem que mais nomes tem. Catalogados, ultrapassaria uma centena, talvez: Rincha-Mãe, Sangue d’Outro, o Muito-Beiços, o Rasga-em-baixo, Faca-Fria, o Fancho-Bode, um Treciziano, o Azinhavre... o Hermógenes. É só um pequeno exemplo. Ocorre que esse personagem está inserido na narrativa, na realidade uma narrativa fantástica. Primeiro, a história faz muito sentido. Trata-se de Riobaldo, um sujeito que foi jagunço, chefiou um bando deles, cem talvez, narrando suas aventuras passadas no sertão, enquanto fazia jagunçagem com eles, tudo isto narrado para um ouvinte imaginário, que absolutamente não fala nem exerce qualquer papel na história, a não ser a função de ser um ouvinte imaginário.

E por que o demônio é o personagem central dessa história? Porque não se trata propriamente de um personagem, mas um paradigma. O livro é uma espécie de “leitura do mundo”, apenas às avessas.

Se vemos o livro sob esse ângulo, então ele não tem objetivo e o personagem principal é mítico, simplesmente não aparece em lugar nenhum – a não ser na cabeça do Riobaldo.

Afinal, o que Guimarães quer dizer com esse livro? Qual a verdadeira mensagem a se extrair dessa história, na realidade uma narrativa solipsicista em que um ex-jagunço confessa suas estrepolias, em mais de 600 páginas?

Observe-se, como já frisamos, que a escritura não tem unidade de narrativa, é quebrada, os assuntos superpostos, a linguagem  caótica, subjetiva e propositadamente subjetivada. Aliás, o autor subverte a linguagem tal é a quantidade de neologismo, a morfologia e sintaxe, igualmente modificadas da chamada norma culta.

Sabe-se – e os estudiosos do texto roseano já apontaram isto em suas diversas críticas – que Guimarães Rosa era um linguista e falava fluentemente outras línguas além da nativa, que, também, ele parecia dominar os seus mais profundos ditames, tanto que acabou por, praticamente, inventar uma língua. Metalinguagem? JRTolken, o autor do magistral “Senhor dos Anéis” também inventou uma língua, para dar validade à sua criação literária.

Crer-se-á que Rosa terá imitado o polígrafo inglês, transpondo, para o nosso sertão, um linguajar específico, adaptando o idioma de Camões às suas contingências? Ora, Tolken criou uma língua pra expressar uma civilização, também por ele inventada – a Terra Nova. Rosa, de forma independente e sem qualquer vínculo com Tolken, exceto o catolicismo que ambos cultivavam, equalizou a linguagem barroca do caboclo, aprimorou-a e aplicou na camada morfológica, pedagógica, alcançando efeito retórico expressivo. O resultado é   a linguagem literária encantatória que se lê. Linguagem essa que faz efeito na boca do caboclo habitante do Sertão.

Tentemos adentrar o âmago da obra-prima do escritor brasileiro mais místico e enigmático – muito mais do que o foi o pernambucano Osman Lins com seu celebrado “Avalovara”. Asseguro que meu método não é curial, mas subjetivo, indireto, no mesmo estilo roseano.

Nascido em 1908, o mineiro Rosa, como escritor pertence a ala modernista, isto é, teria aderido ao Movimento Mordernista de 1922, liderado pelos Andrades paulistas – Mário e Oswald – portanto adota o estilo chamado inclusive por Oswald de “antropofágico”, por considerar que toda escritura depois de 1922, teria sido sob os cânones do Movimento, uma espécie de síntese de toda a cultura europeia que os escritores brasileiros cooptaram e deglutiram num processo vertiginoso – e quem sabe também vergonhoso – de “imitatio”, processo de assimilação e transfiguração linguísticas. Segundo esses autores, foi assim que nasceu e floresceu a literatura modernista brasileira.

A meu ver, Rosa quebrou esse tabu criado pelos escritores ideólogos paulistas e cariocas. Adotou em seus livros a linguagem interiorana, não obstante apoiada no estilo barroco português, com o preciosismo e a fraseologia vocabular arrevesada, procurando evidenciar a fala do habitante do sertão.   

O livro narra as aventuras e peripécias de Riobaldo, quando pertencia a um de bando de jagunços, no interior de Minas Gerais e outros estados vizinhos – isto que Rosa batizou genericamente de “Os Gerais”. Os Gerais, portanto, é o mundo, a vida. Riobaldo , o narrador único, é o poder pessoal, um ser que percorre, melhor, trilha pelos caminhos – as famosas “veredas”. São as veredas da vida, também, por indução, todas as veredas que o ser humano tem de percorrer para cumprir esse ritual sinalagmático que é a Vida, nossa vida, a vida do ser humano no plano da Terra. Ou seja, o próprio Destino. Riobaldo – o ser humano – está narrando atos e fatos acontecidos. Não são os fatos do futuro, são os do passado – as “acontecências”, como disse Vilma Guimarães Rosa, filha do escritor, em livro publicado, apropriando-se da escritura do pai.

As aventuras e desventuras do “ser humano”, no seu roteiro de Vida. Riobaldo conta sua vida para um ouvinte invisível, oculto. Seria uma confissão? Não será também o que em terapia psicológica se chama “desencargo de consciência”? A narrativa memorialista de Riobaldo é o desencargo de consciência, pelo qual, nós, seres humanos, nos aliviamos das grandes pressões que a vida moderna nos imprime. Assim, Riobaldo vai desenrolando o fio da meada de sua (nossa) vida. Então: “... o diabo na rua, no meio do redemoinho.” Observe-se como Dante inicia sua obra-prima “Divina Comédia”: “No meio do caminho, encontrei-me numa noite escura.

O ser humano é submetido à grande prova nesta vida, que é viver. E a prova maior, ou uma delas, é certamente enfrentar o   Demônio, que se encontra na nossa frente, no meio do redemoinho, ou seja, dos grandes problemas que nos afetam a todos. O que é esse Demônio, senão o Pecado contra o qual temos que nos defender?

Riobaldo, que saira da casa de seu padrinho para ser professor de Zé Bebelo, não era uma pessoa letrada, mas sabia ler e escrever, fazia conta, regra de três e gostava de ler – “ ...leitura proveitosa, vida de santo, virtudes e exemplos – missionário esperto engabelando índios ou São Francisco de Assis, Santo Antonio, São Geraldo...” (pag. 31). Ele entra na vida como jagunço por desejo de aventura. Os humanos não temos feito isto desde quando saltamos das árvores e saímos das cavernas, para conhecer as savanas do mundo?

Como tal, jagunço, pois, por experiência e depois por profissão, Riobaldo começa a vivenciar suas aventuras e desventuras, fazendo parte de um bando de jagunços, chefiado, primeiro por Medeiro Vaz, depois Zé Bebelo. Em certa oportunidade, ainda adolescente, ele – e sempre Rosa utiliza o feed back, embora inexistisse, à época, o recurso do computador – conhece um rapaz de sua idade, chamado Reinaldo, menino demais corajoso, os dois enfrentaram uma travessia perigosa pelo Velho Chico, o rio da unidade nacional. Encontram-se depois, ambos já confirmados jagunços. Desde então, tornam-se grandes amigos... “Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa feita. Era ele está perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, e eu só nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era?”(pag.162)

Mais tarde, o próprio Reinaldo confessa a Riobaldo que seu verdadeiro nome é “Diadorim”, não Reinaldo, mas lhe pede segredo.

Na versão francesa, o título do livro de Rosa é DIADORIM, querendo dizer que todo o memorial de Riobaldo tem por foco esse personagem, na realidade o mais bizarro de todos os personagens do Grande Sertão: Veredas.

Quem será esse estranho personagem? O que ele representa na trama do livro?

Tenho que Diadorim tem a força de uma sonho, ele significa o incógnito, o sentido de liberdade. Mas também o Destino, a ânsia do eterno impresso no coração do ser humano ( o Riobaldo do sertão feito mundo e do mundo feito sertão).

Riobaldo é apaixonado por Diadorim. O ser humano também nutre uma paixão – a paixão pela liberdade, a busca do eterno, que constitui a afeição da alma. Mas os sentidos estão imbricados na epopeia sertaneja roseana. Diadorim pode ser o outro lado da sexualidade, o impulso para o desvio – em outras palavras, a força do mal que pode ou vem a eletrizar o ser.

Daí, no livro, às vezes Diadorim exerce a mesma função do Capeta na vida humana: ludibria. Parece uma coisa, mas é outra.

Então Grande Sertão: Veredas é um tratado de demoniologia?. Também. Pode ser um tratado de sociologia, história, geografia, assim como tratar de assuntos de filosofia, ética, política e até de ciência jurídica. Aliás, toda epopeia permeia esses campos, tal é a complexidade de sua trama – da “carnavalização” de sua estrutura e das ideias que ali fervilham.

Mulher homem é figura mais ou menos corrente no Sertão. Raquel de Queiroz, escritora cearense, conta a estória de um espécimem em seu “Memorial de Maria Moura”. Mas nosso escritor pode ter se inspirado num exemplar mais célebre: Joana d’Arc. Era mulher, se vestia de soldado e lutava furiosamente, segundo reza a lenda. Igual nosso Diadorim. Diadorim mulher? Mas era mulher macho. Vejam esse lance (pag.610), quando da luta final – o bando de Riobaldo contra os jagunços do diabólico Hermógenes:

 

“Diadorim – eu queria ver – segurar com os olhos... Escutei

o medo calro nos meus dentes...O Hermógenes: desumano,

dronho – nos cabelões da barba...   Diadorim    foi    nele...

Negaceou, com uma quebra de corpo, gambetou... E  eles

sanharam e baralharam, terçaram. De supetão... e só.”

 

E mais adiante:

 

“... A faca a faca, eles se cortaram até os suspensórios... O

diabo na rua, no meio do redemoinho... Assim, ah – eu mi –

rei e vi – o claro claramente: ai Diadorim cravar e sangrar o

Hermógenes.. Ah, cravou – no vão – e ressurgiu o alto es  -

guincho de sangue? porfiou para bem matar!”

 

Espécie de luta igual do Demo contra o Demo? Não. Diadorim tinha  a força da justiça a seu lado. O diabo na rua, no meio do redemoinho. Ás vezes, o sol da justiça tem de prevalecer no meio do grande redemoinho que é nossa vida, o mundo dos Homens.

Joana d’Arc foi queimada viva por motivos político-religiosos, depois proclamada santa pela Igreja Católica. Diadorim morreu em combate com o Hermógenes/Demônio, para vingar o assassínio do pai, Joca Ramiro. Foi elevado, assim, à condição de mártir. Riobaldo redimido pelo sangue de Diadorim devido sua paixão escondida por ele. Diadorim se imolou em sacrifício cruento para salvar a alma de Riobaldo – desfazia-se, assim, o suposto pacto entre ele, Tatarana  e o Demônio.

Na “Ilíada”, depois do fantástico logro do Cavalo de Troia, a grande cidadela da Ásia Menor caiu, devastada pela fúria dos gregos. Aqui, no Sertão, sob o sortilégio dos Grandes Gerais, duas forças míticas se defrontam: Riobaldo/Diadorim contra o Hermógenes/Demônio – é o bem lutando contra o mal. O ser humano reúne dentro de si as duas forças cósmicas: o Bem e o Mal – ambas se imbricam no campo dos sonhos de Tamanduá-Tão, através das Veredas em que se multiplicam as esperanças humanas.

Riobaldo, do alto de sua chefia inconsútil, espécie de vanguarda, não se conspurca com essa demoníaca refrega, apenas a visualiza:

 

“... O fuzil caiu de minhas mãos, que nem pude segurar

com o queixo e com os peitos. Eu vi minhas garras não

valerem! Até que trespassei de horror – precipício branco.

Diadorim a vir – do topo da rua, punhal em   mão,

avançar, correndo amouco...” (pag. 610).  

 

Personagem de ícone transfigurante é o que Riobaldo representa nesta saga de dor, aventuras, sangue e esperança pelo advento do futuro com outras gerações que hão de fortalecer o Grande Sertão de um Mundo Novo.

O ser humano – esse eterno desconhecido, forças naturais e antinaturais o dominam. A saída é a Salvação pela carne e pelo sangue, capazes de nos prover a Redenção da alma ainda aferrada a uma imanência que se quer livre e transcendente.

Agora, já transposta a Vereda ou Veredas do espaço-tempo no plano humano, Riobaldo adquire forças superiores para re-viver.

Veem? Este comentário não tem sentido, não percorre uma vereda, a vereda categórica da razão. Viver é perigoso, diz Rosa pela boca memorialista de Riobaldo. Faço meu adendo: escrever também é perigoso. Não será também desvendar veredas no Grande Sertão da Vida?

Afinal o que é uma obra literária, senão a essencialização dos fatos e feitos contados e recontados para perenizar a passagem do ser humano em trânsito para a Eternidade?

Nós, humanos, nada sabemos verdadeiramente sobre o outro. O outro também nada sabe sobre nós. Riobaldo em seu longo memorial explora essa incerteza do Outro. Este desconhece aquele que lhe fala. Rosa adverte, através de Riobaldo:

 

“... Eu estou depois das tempestades.

O senhor nonada conhece de mim; sabe o muito ou

               o pouco? O Urucuia é ázigo... Vida vencida  de  um,

               caminhos todos para trás, é história que instrui vida

               do senhor, algum? O senhor enche uma caderneta...

               O senhor vê aonde é o sertão? Beira dele,meio dele?...

               Tudo sai é mesmo de escuros buracos, tirante o que

               vem do Céu. Eu sei.” (pag. 611).

 

Enfim, a narrativa de Riobaldo passa a recompor outra narrativa – a vida renasce, digamos, de todas as anunciadas e vividas veredas. Agora Diadorim é a flor da vida, rediviva.

Eis a chave de tudo, descobertas e reveladas todas as veredas, todos

os segredos.

 

“Eu estendi as mãos para tocar naquele corpo, e estre-

meci, retirando as mãos para trás, incendiável: abaixei

meus olhos. E a Mulher estendeu a toalha, recobrindo

as partes. Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, e a

boca. Adivinhava os cabelos. Cabelos que cortou com

tesoura de prata... Cabelos que, no seu ser, havia de

dar para baixo da cintura... E eu não sabia  por  que

nome chamar; eu exclamei me doendo:

–— “Meu amor!...” )pag. 611).

 

É a revelação da Paixão Segundo Riobaldo e Diadorim. Maktub. Allia Jacta Est.

Diadorim é mulher. Seu nome verdadeiro: Maria Deodorina da Fé Bettancourt Marins.

Rosa – como Machado que criou Capitu de Capitulina em seu também enigmático “Dom Casmurro” – apelidou Maria Deodorina de Diadorim. Capitu vem de Capitólio, Capital e por escatologia literária Capeta, aquele ou aquela que engana, mas não parece enganar, ardil alquímico de nosso Bruxo do Cosme Velho. Deodorina, que dá Diadorim, é Deodora, adorada de Deus, Maria adorada  de Deus, o arcanjo que se desprega das esferas celestes e prova o veneno da paixão humana.

Diadorim não morre, transfigurou-se, talvez na verdadeira esposa de Riobaldo, a graciosa, quase santificada Otacília.

E você, meu outro ouvinte – este mesmo que se desencantou das páginas do “Grande Sertão: Veredas” – você acha que Riobaldo vendeu a alma ao Capeta, foi pactário?

Eu não. Faço minhas as palavras, as últimas, recitadas por Diobaldo na escrita barroca de Guimarães Rosa:

 

“... Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for... Existe é homem humano. Travessia.                                                  Bsb, 25.12.13 

Obs.: Publicação autorizada pelo autor do texto

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em 21/01/2014 às 00h51
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21/01/2014 00h47
Resenha:Grande Sertão, Veredas - Por Fernando Ribeiro

 GRANDE SERTÃO:VEREDAS

 

I-INTRODUÇÃO

 

A leitura de GRANDE SERTÃO: VEREDAS é tarefa complexa, talvez em função da narrativa  de RIOBALDO, personagem central das tramas desenvolvidas, a qual se faz, não  “em linha reta, mas em zigzag, como uma serpente”; com “longos parênteses a fim de refletir sobre a existência do diabo, a amizade,  amor e morte, e de enunciar esotéricos postulados religiosos.” *

Para  desfrutar do prazer da leitura da obra, impõe-se  ultrapassar, como  afirmou Guimarães Rosa,  dificuldades decorrentes da utilização de cada palavra como se tivesse acabado de nascer, para limpá-la das impurezas da linguagem cotidiana e reduzi-la a seu sentido original”, bem como incluir  “certas particularidades dialéticas “ da região em que nasceu,  a seu ver “ linguagem literária” ainda com sua “marca original”, e “ de uma grande sabedoria linguística”.***

Inúmeros  são os leitores que se apaixonam pelo livro, à primeira leitura; para eles, música e poesia. Na verdade deles,  o monólogo de RIOBALDO  navega  nas “águas desse rio sonoro, de curso tumultuado cheio de metáforas, de substantivos, de adjetivos, de expressões, de verbos, moldados, triturados, organizados de tal sorte que adquirem uma soberania  própria e não remetem senão à realidade que eles próprios criaram ao longo do relato.”*

Mas, há os que se frustram,  por não conseguirem ler  o romance, com a fluidez necessária, muitas vezes  vencidos  pela linguagem que  parece hermética,  indecifrável mesmo, em razão da ausência de léxicos   que os pudessem ajudar.Pergunta-se: poderiam essas dificuldades ser superadas, mediante um tipo de  leitura, que, “em vez de se esquivar”, enfrentasse “resolutamente a complexidade linguística do romance”, suas “paisagens inóspitas, a carne, o sangue, os objetos  pitorescos”, e entendessem “que  a realidade expressa pelo autor nem é material nem histórica, mas abstrata e intertemporal:verbal.”?* Impossível dizer.

 

II - OS PERSONAGENS

 

Certamente Riobaldo e Diadorim são as figuras centrais da grande epopeia que é Grande Sertão: Veredas.

Riobaldo, o narrador, é figura ambígua; é homem de paz e de guerra. É meio jagunço; meio cavalheiro. É homem de fé, mas já flertou com o demo, em certa encruzilhada. É o homem das coisas do destino; não das coisas certas. Excelente atirador, evoca, diante de um ouvinte anônimo,sua perigosa vida de comparsa, lugar-tenente e chefe de bando, nos áridos desertos de Minas Gerais”, “ressuscitando com nostalgia os combates,atos de má-fé, as proezas, as alegrias, os temores que constituíram sua vida passada.”* Sabe que os fazendeiros são definitivos; os jagunços provisórios*.

Em contrapartida, esses aspectos  são, de certa forma equilibrados “pela magnificência  com a qual  ele se estende  sobre a vida e a  alma do sertão, descrevendo com amor suas árvores, sua flora, sua fauna, seus povoados, suas lendas, e a grande pintura humana composta de temíveis rufiões como João(Joca)  Ramiro e Zé Bebelo, ou pavorosos com o os perversos Hermógenes, o belo e ambíguo Diadorim, a furtiva Otacília.”*

É homem cheio de dúvidas, e de algumas certezas; dos pressentimentos; as circunstâncias de momento o comandam. É intuitivo, por natureza. Respeita e admira Zé Bebelo,  que foi seu discípulo; sabe-o altamente ambicioso,obcecado  pelo  exercício de um cargo político; mais leal ao governo do que aos anseios  de seus comandados; livra-o  da morte certa, ensejando que, em  julgamento singular, seja liberado, sob condições, por Joca Ramiro e seus capitães.Reencontra-o, toma-lhe a  liderança, quando o sente enfraquecido, por ter conduzido seus homens a luta descabida, de que resultou a perda de tantos. Não sabe muito bem como desempenhar-se dessa liderança, mas procura aconselhar-se com os melhores companheiros, nas decisões mais importantes.Cansado do morticínio e da desgraça que encontra em seu caminho,  busca a  paz interior, que custa a encontrar, se é que  a encontrou. Ama  Diadorim, com grande dose de culpa. Sonha com Otacília, numa união que dificilmente será aceita pelo pai da amada,  mas não recusa o amor de Nhorinha, Myosotis, Rosu’uarda. Súbita paralisação, o impede de salvar Diadorim, que consegue matar HERMÓGENES, com sacrifício da própria vida. Combalido, sabe afinal que Diadorim, é mulher. E  seu sofrimento torna-se mais agudo.

DIADORIM é   “homem ou mulher, deus ou diabo” , “ princípio feminino e masculino da tradição literária”, e, “como seu próprio nome sugere,  é  “ Deus e diabo, luz e trevas, carne e espírito, dor e prazer, homem e mulher..”**

Joca Ramiro, por sua liderança, seu carisma, assemelha-se à figura bíblica de Moisés, aquele que nunca chegará  à Terra Prometida, com seus seguidores,no geral gente boa e cheia de esperança.  Hermógenes  é o cramulhano, “aquele-que-não-existe”,  o demo, a personificação do mal;  aquele que traiu, mas não foi traído, especialmente por sua mulher, que, conquanto  sequestrada e em cativeiro, manteve-se fiel até o fim, nada obstante o ódio que a ele  devotava.

GRANDE SERTÃO:VEREDAS

 

III-A OBRA

 

Grande Sertão: Veredas pode ser considerado uma epopeia, “esplêndida epopeia,  o desenrolar dos costumes do sertão”, “natureza indomada”, cheio de “ personalidades veladas e brutais.”*

O tom sobrenatural da obra resulta, em grande parte, das  afirmações obscuras de  Riobaldo  de que  poderia ter concluído, com o diabo,  “um  pacto durante uma noite de tempestade, em uma encruzilhada de caminhos”-esse mesmo pretenso acordo que lhe teria, em final, garantido  invulnerabilidade e sucesso-.

A presença do demônio poderia estar traduzida   na “paixão  homossexual  por Diadorim”,   que Riobaldo   nutria, assim como    “uma armadilha preparada pelo Senhor das Trevas”,  e enseja, por outro lado, a conclusão de que   “não apenas Hermógenes, o traidor, fosse um instrumento do demônio, mas ainda que JOCA RAMIRO e ZÉ BEBELO, QUELELÉM e RIOBALDO, ele mesmo, e todos os homens; e que  “a realidade, em toda a dimensão  nada mais seja do que uma projeção do Inferno, o Inferno, ele mesmo.”*

Assim,  “a realidade mais profundamente refletida no livro  não seria  a conduta humana, nem a natureza, nem a palavra, nem a alma* , pois “a odisseia de RIOBALDO carregaria”, “nela, implícita, como um fio secreto que a guia e justifica, uma interrogação metafísica sobre o bem e o mal.”* “Uma máscara atrás da qual se esconde  uma demonstração de poderes de Satan sobre a terra e sobre o homem.”*

Outro dia, o Murilo, nosso poeta e crítico, destacava a beleza de Grande Sertão: Veredas,  detendo-se sobre sua maravilhosa arquitetura, muitas   vezes não devidamente vislumbrada  por muitos, da forma,aliás, como  Vargas Llosa o percebeu, ao afirmar que  a obra de Guimarães Rosa  é “ uma torre de Babel miraculosamente suspensa acima   da realidade humana, dela destacada e entretanto cheia de vida; um edifício mais próximo da música(ou de uma certa poesia) que da literatura.”*

Para concluir:   “GUIMARÃES ROSA  escreveu um romance ambíguo, múltiplo, destinado a durar, dificilmente apreciável em sua totalidade, enganador e fascinante como a vida imediata, profunda e inesgotável ,como a realidade, em si mesma

NOTAS

*Prefácio de Vargas Llosa a edição francesa de Grande Sertão:Veredas, sob o título de Diadorim;

**Entrevista concedida por Guimarães Rosa a Günter Lorenz, no Congresso de Escritores Latino-Americanos, realizado em Gênova, no ano de 1965:

***Prefácio escrito por Eduardo F. Coutinho para edição de Grande Sertão:Veredas da Nova Aguilar

Obs.: Publicação autorizada pelo autor do texto.

Publicado por Sandra Fayad Bsb
em 21/01/2014 às 00h47
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21/01/2014 00h42
Resenha: Grande Sertão, Veredas - Por Antonio Augusto dos Reis Veloso

Texto:  Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa (Editora Nova Fronteira, EdiçãoComemorativa  dos 50 anos,  em tiragem de 10.000 cópias, 2006,553 páginas).

 

-   texto deslumbrante,  uma obra-prima da literatura brasileira:  no começo,  parece impenetrável, escrito em dialeto jaguncês, só para os iniciados. Aos poucos,  a narrativa vai delicadamente se revelando, abrindo os seus segredos, a sua enorme engenhosidade,  a sua  beleza. O autor, João Guimarães Rosa, nasceu em Cordisburgo,Minas Gerais, em 1908, e morreu  no Rio de Janeiro, a 19 de novembro de 1967.  Médico  formado em 1930, seguiu a carreira diplomática e escreveu o primeiro romance, Sagarana,  em 1946, aos 38 anos.  No texto do Grande Sertão: Veredas tudo é sutil e colocado em forma bruta, a ser lapidado e cultivado. O ambiente,  nos sertões das Gerais, é habitualmente inóspito,  duro, de lutas e guerras:  é matar e morrer.  Tentar escapar e viver: “viver é negócio muito perigoso”.  O amor está lá por inteiro,  delicadamente, maneiroso, no meio da brutalidade,  no meio das traições, das guerras, da morte.   Riobaldo, Tatarana :  o narrador único,  fica circulando por todos os espaços, atuando como intérprete de tudo.  Com muita sutileza:  “eu quase que nada não sei.  Mas desconfio de muita coisa.”   A linda história de amor entre Riobaldo e Diadorim  perpassa toda a narrativa, de forma delicada e perene.   Diadorim  -  homem,mulher, a companhia de todos os instantes de Riobaldo. São muitos os personagens do livro: Joca Ramiro,Zé Bebelo, Quelemém,  Medeiro  Vaz, Hemógenes,  Ricardão e muitos outros.   No centro de tudo a presença de Deus,

do demo, do jagunço.   Uma epopéia  esplêndida, com  os costumes, a vida,  os conflitos ,  as lutas, aventuras e desventuras do sertão.  Uma viagem inesquecível, sem destino, uma  realidade diferente,impactante,

“uma torre de Babel”  -  surpreendente, musical,  cheia de poesia, fascinante.  Riobaldo e Diadorim,  amigos  fraternos,  paixão misteriosa e intensa, vivendo  a paz e a guerra. Amor sutil, ambíguo.  São antológicas algumas passagens do livro:  a cena grotesca dos jagunços,  às gargalhadas,  ensangüentados na boca, palitando os dentes com a faca de ponta, afiada. Marcante, também,  a descrição do “julgamento justo” do Zé Bebelo, sob o comando do Joca Ramiro.  A leitura do texto não é farefa fácil:  exige dedicação.  È como alerta Afonso Arinos de Melo:  “Cuidado com este livro, pois Grande Sertão: Veredas é como certos casarões velhos, certas igrejas cheias de sombras.  No princípio a gente entra  e não vê nada.  Só contornos difusos, movimentos indecisos, planos atormentados.  Mas aos poucos,  não é a luz nova que chega:  é a visão que se habitua. E, com ela,  a compreensão admirativa.  O imprudente ou sai  logo,  e perde o que não viu, ou resmunga contra a escuridão, pragueja, dá rabanadas e pontapés.  Então arrisca-se a chocar inadvertidamente  contra coisas que, depois, identificará como muito belas.”

 

Obs.: Publicação autorizada pelo autor do texto.

Publicado por Sandra Fayad Bsb
em 21/01/2014 às 00h42
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13/01/2014 00h24
Resenha do livro GRANDE SERTÃO VEREDAS por Sandra Fayad

Grande Sertão, Veredas

(Sandra Fayad: como percebi o livro)

“A vida não tem recompensas nem punições, apenas consequências”. Encontrei esta frase atribuída a Orizon Jr. Freitas, enquanto pesquisava a respeito de Guimarães Rosa, para tentar entender sua obra, objeto do nosso próximo encontro.

Pensei que esta frase poderia ser um parâmetro para ler e comentar a obra.

Do ponto de vista literário, penso que se trata de uma saga à moda brasileira. Segundo a Enciclopédia Wikipédia, “o termo Saga refere-se a histórias narradas em prosa originárias especialmente da Islândia medieval, assim como de outros países nórdicos. Estas sagas, geralmente anônimas, misturam aspectos históricos com mitologia e religião.”

É que o que se vê entranhado nesta obra de Guimarães Rosa. O autor só pode escrever a riqueza e beleza contida em cada palmo dos rincões da Bahia, Minas Gerais e Goiás, porque montou a cavalo e foi lá ver, sentir e perceber a alma do homem que ali habita, os sons e os movimentos da natureza que o cercam e com ele interagem.

O monólogo (um longo conto) é um caminho interessante. Por isso, imagino que o autor de fato ouviu Riobaldo na varanda da fazenda Gregório, herdada do seu padrinho, Solorico Mendes, que na verdade era seu pai.

Foi pensando na sobrevivência do filho, que o pai (personagem) o encaminhou à escola e lhe ensinou a ser um exímio atirador. Essas são as armas de que Riobaldo dispunha para iniciar a jornada pela vida afora. Quando se deixou impressionar pela personalidade de seu aluno, Zé Bebelo, e partiu para as aventuras, o conhecimento adquirido o levava muitas vezes ao desejo de desistir, mas a vaidade de bom atirador e a paixão por Diadorim o mantinham na jagunçagem.

Paulo Rónai em 1956 diz que Riobaldo é o Fausto sertanejo, “inculto, mas dotado de imaginação e poesia...”

Murilo Veras diz que “Riobaldo representa nesta saga de dor, aventuras, sangue e esperança pelo advento do futuro com outras gerações que hão de fortalecer o Grande Sertão de um Mundo Novo.”

Fernando Ribeiro define Riobaldo como “figura ambígua; é homem de paz e de guerra. É meio jagunço; meio cavalheiro. É homem de fé, mas já flertou com o demo, em certa encruzilhada. É o homem das coisas do destino; não das coisas certas.”

Embora eu não tenha feito uma pesquisa ampla sobre o personagem, sei que deve haver centenas de definições a seu respeito pelos demais estudiosos da obra.

Riobaldo para mim lembra o Zé Baiano, que chegou à fazenda do papai, na beira do rio São Marcos, em Goiás por volta de 1960. Zé Baiano passava os dias contando aos nativos suas aventuras recheadas de perigos, misticismo e miséria. Alguns ficavam bem impressionados, outros diziam que metade era mentira. Riobaldo é mais. É também um homem sensível, justo, questionador e estável em meio à instabilidade. Acredita no amor, percebe a feminilidade pelo olfato, pelo olhar, pelos gestos. Quer construir um futuro melhor. Por isso, precisa saber se o demônio existe para dele se defender ou a ele se aliar.

De fato, a obra em questão apresenta características espetaculares: os horrores da mortandade, inclusive o sacrifício de animais, nas guerrilhas entre os bandos pelo domínio do espaço; a vida e os valores morais e místicos dos habitantes fixos, onde os bandos se instalavam na sua peregrinação, cobravam impostos, criavam leis, julgavam, condenavam e absolviam os atos dos cidadãos; a exuberância da natureza (rios cristalinos, vegetação rica, pássaros e outros animais silvestres), que contrastava com os sanguinários confrontos de interesses.

Zé Bebelo é um personagem importante e é também o ídolo de Riobaldo. Sua personalidade foge à regra, porque ele transforma o inferno em paraíso com suas palavras e atitudes sempre pontuais e justas do ponto de vista da maioria. É carismático e alegre. Gosta de música, dança, poesia. É um político nato.

Diadorim é uma mulher, que se faz passar por homem para ingressar no bando e seguir a sina do seu pai, Joca Ramiro, que chefiava um dos maiores bandos do sertão. Com a morte do pai por Hermógenes (o sanguinário, o demônio), passa a exercer influência decisiva no bando com o objetivo de realizar a vingança e destruir o inimigo, a qualquer preço.

Mas, mesmo diante da dureza da vida de jagunço, Diadorim mantem a condição de mulher sedutora, apaixonada, ciumenta. Não lhe passam despercebidos os movimentos delicados e as cores da natureza que a cercam. É sensível ao amor de Riobaldo, mas forte o suficiente para não se entregar a ele, pelo menos até o enfrentamento de Hermógenes. Estava prestes a contar-lhe seu segredo, mas se deteve. Talvez tenha esperado que Riobaldo, seu homem amado, interferisse na luta contra o inimigo e a salvasse nesse momento, mas ele ficou paralisado.

E Guimarães Rosa fica nos devendo o final feliz das novelas da telinha e dos filmes açucarados de Hollywood.

 O vocabulário, de difícil compreensão no início da obra, vai ganhando leveza pela repetição e envolvimento, página por página.

Algumas frases que gostei: “toda saudade é uma espécie de velhice.”; “o amor, já de si, é algum arrependimento.”; ”Ficar calado é que é falar nos mortos”; “Deus come escondido e o diabo sai por toda parte lambendo o prato.”; “Deus existe mesmo quando não há.”; “A colheita é comum, mas o capinar é sozinho.”; “Dor não dói até em criancinhas e bichos e nos doidos – não dói sem precisar de se ter razão nem conhecimento?”; “O real não está na saída nem na chegada: ele dispõe para a gente é no meio da travessia.”

                                                                                                                 Bsb, 12/01/2014

Publicado por Sandra Fayad Bsb
em 13/01/2014 às 00h24
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