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Sandra Fayad Bsb
Minhocário de Palavras
Textos
PROJETO TAMAR – PERCEPÇÃO DE VISITANTE
Sandra Fayad
 
Sergipe – Aracaju - Brasil. Orla de Atalaia. Vejo um pequeno prédio térreo arredondado, na frente do qual há uma placa com a inscrição OCEANÁRIO. Aproximo-me para vê-lo melhor e me informar.
- Posso entrar? Pergunto.  
- A entrada é lá atrás. Há um guichê - responde a moça na porta da lojinha.
Agradeço, faço a volta e de fato encontro um guichê simples, meio escondido, com uma atendente.
- Quanto é o ingresso?
- Três reais. Informa.
Pago e dirijo-me ao interior do prédio também redondo, onde me deparo com pequenos aquários ao redor contendo vários tipos de peixes, desde Bagres até Tubarões, passando por uma Arraia, uma carcaça enorme de Baleia e, finalmente, uma Tartaruga adulta no tanque central. Ao lado de todos, gráficos e outras explicações pertinentes.
- Aqui é apenas um mostruário, informa a bióloga de plantão.
 No espaço central, bancos circulares de madeira trabalhada servem para que os visitantes se acomodem diante um telão para assistir a dois DVD’s: um sobre o fundo do mar e outro sobre as Tartarugas Marinhas. Lá fora, a lojinha expõe e vende “souvenirs” produzidos pelas artesãs no Centro de Artesanato de Regência (ES) e em outros locais onde há bases do Projeto.
- Tudo sob a orientação de uma estilista, que os cria e padroniza, para depois distribuí-los em todos os pontos de comercialização - informa a vendedora.
São basicamente peças do vestuário, brinquedos e pequenos outros objetos, que constituem um terço da receita financeira do Projeto e parte do sustento de muitas famílias ribeirinhas a ele vinculadas.  O restante da receita é proveniente de outras duas fontes: 1/3 é constituída pelo patrocínio sistemático da Petrobrás desde o início e 1/3 é recebida do novo Instituto Chico Mendes, que recentemente se desmembrou do IBAMA.
Um pouquinho da história:
O Projeto TAMAR é oficialmente uma Fundação, denominada Fundação Pró-TAMAR, criada em 1988, com o objetivo principal de salvar e proteger as Tartarugas Marinhas do Brasil, que já haviam entrado para a listagem de animais em extinção.  Denúncias constantes, inclusive com repercussão internacional, já no final da década de 70, davam conta de que a pesca, a matança de fêmeas e a coleta dos seus ovos na praia, desde a Ilha de Fernando de Noronha até o litoral de Santa Catarina, era tamanha que as sete espécies ocorridas do nosso litoral desapareceriam por completo em pouquíssimo tempo.
Em 1980, o Projeto começou a funcionar nos principais pontos de desova: Bahia (Praia do Forte), Espírito Santo (Comboios) e Sergipe (Pirambú) e, no dia 18 de janeiro de 1982, o TAMAR marcou uma tartaruga marinha pela primeira vez no Atol das Rocas, no Rio Grande do Norte.
As estatísticas dos últimos quinze anos mostram que em 1992 foram protegidos e liberados ao mar 1 milhão de filhotes, em um processo evolutivo que atingiu o total de 8 milhões no final de 2007.
O sucesso da missão está principalmente na geração de alternativas econômicas e sustentáveis para as populações próximas à base das faixas litorâneas de proteção, reduzindo a pressão humana sobre os ecossistemas e as espécies. Hoje existem vinte áreas de proteção tentando cobrir toda a costa leste onde há reprodução, desova e alimentação. Dessas, onze são também pontos turísticos, em que o visitante pode melhor conhecer o trabalho realizado e dele participar como estudante-estagiário, voluntário e até se inscrever para adotar uma tartaruga marinha ( também pela internet).
Na base de Pirambú, que fica a mais de trinta quilômetros dali, há apenas outro pequeno prédio, onde fica o escritório da Empresa e o alojamento dos estagiários. Não entrei lá, mas tive a impressão de que o local não é luxuoso. Para os visitantes, há um quiosque bem rústico próximo, com os tanques das cinco espécies de Tartarugas que ocorrem ali e onde se encontra apenas um filtro com água potável e um pequeno banheiro como acomodação. O resto é areia, mar e muita boa vontade por parte de dois tartarugueiros para explicar como tudo acontece no dia-a-dia.
Há punições previstas em legislação específica para quem matar e capturar Tartarugas ou roubar-lhes os ovos.
Perguntei:
- Têm sido detidos e julgados muitos infratores?
 - Não, até agora só temos notícias de alguns casos de condenações a penas alternativas.
A meu ver, há mérito nesse resultado desde a dedicação dos especialistas-pesquisadores até a boa gestão das verbas destinadas para viabilizar a iniciativa, mas principalmente no envolvimento, através da oportunidade de trabalho e consequente melhoria de condições de vida dos pescadores, tartarugueiros e seus familiares que, na verdade, formam o carro-chefe desse empreendimento.
É um exemplo que deveria ser praticado em todas as demais ações relacionadas à preservação ambiental.
Cabe aos Governos agir, mas especialmente a nós, contribuintes, denunciar os crimes e cobrar a realização de muitos outros projetos como esse.
O que estamos esperando?
http://www.sandrafayad.prosaeverso.net/
(ao copiar ou divulgar parte ou todo o texto informe a autoria –Lei nº 9.610/1998)
 
Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 03/12/2008
Alterado em 07/05/2013
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